Direção: Fernando Meirelles
Roteiro: Don McKellar
Produção: Andréa Barata Ribeiro, Niv Fichman, Sonoko Sakai
Elenco: Mark Ruffalo, Julianne Moore, Gael García Bernal, Sandra Oh, Danny Glover, Alice Braga , Don McKellar, Yoshino Kimura e Yuske Isseya
Ótimo filme!
Ainda não o livro do escritor português José Saramago( ganhador do Prêmio Nobel de Literatura em 1998) em que o filme foi baseado, mas já assisti a vários filmes que nasceram de livros e na maioria absoluta das vezes o livro é bem melhor, vou ler o livro o mais rápido possível!
`Ensaio Sobre A Cegueira` é o novo filme de Fernando Meireles, o consagrado diretor de `Cidade de Deus` e `O Jardineiro Fiel`, e é uma vitória pessoal dele, ele lutou muito para conseguir os direitos do livro para filmagem, visto que Saramago se recusava terminantemente a vender os direitos do livro.
A trama do filme mostra uma epidemia de cegueira que ataca uma cidade não especificada, de um país também não especificado, a epidemia toma proporções avassaladoras, o que leva as autoridades a isolarem todos os infectados em um sanatório abandonado, que logo se transforma em um autêntico campo de concentração.
Para não se separar do marido a personagem de Julianne Moore (já foi mais bonita....), a única a não ficar cega no filme, finge cegueira para ser internada também, e é através dos olhos dela que nós vemos toda a degradação e barbárie que se instala no sanatório, principalmente com a chegada do último grupo de infectados, que vão para a ala 3.
Em pouquíssimo tempo todas as regras básicas da convivência social são praticamente extintas, com os internos da ala 3 tocando o terror, se recusando a qualquer tipo de cooperação com as outras alas e chegando a dominar a distribuição de comida para extorquir os outros internos.
No começo eles querem dinheiro, depois bens de valor e finalmente querem usar sexualmente as mulheres das outras alas em troca de comida.
Essa é a seqüência mais deprimente do filme, li que nos primeiras edições (cortes) do filme essa seqüência era ainda mais brutal, o que fez com que ela fosse rejeitada por quase todas as platéias dos `Test Screenings`, chegando ao ponto de uma saída em massa de mulheres de uma sala de exibição em Toronto.
Por causa disso, e também por uma sutil mas inegável pressão do estúdio e dos produtores, a seqüência foi amenizada, mas mesmo assim ela é grotesca.
É esse ato bestial que finalmente faz os internos das outras alas se revoltarem e atacarem os facínoras da ala 3, o que leva ao ato final do filme, do qual não vou falar muito para não estragar nada para quem for assistir o filme.
Basta dizer que ao saírem do sanatório os internos encontram um mundo totalmente caótico.
Fernando Meireles soube conduzir o filme muito bem, considerado-se o fato de Saramago ser um escritor `difícil` e o tom pesado da trama, e também considerando-se o medo do estúdio de o filme ficar muito `artístico` e afastar o público norte-americano, em meio a tudo isso Meireles conseguiu um meio termo, apesar de o filme ser um pouco lento para os padrões da maioria do público que vai aos cinemas, o filme não é de jeito nenhum `cinemão` mas também não ficou `cabeça` demais, ou seja, agradou gregos e troianos.
A fotografia de César Charlone é um dos inegáveis destaques do filme, conseguindo transmitir com perfeição o clima de `cegueira branca`.
Outro destaque do filme é a brasileira Alice Braga, que vem sendo cada vez mais bem sucedida em sua carreira nos E.U.A, conseguindo papéis de peso e fazendo bonito em Hollywood, palmas pra ela!
Julianne Moore carrega o filme nas costas, com uma interpretação digna de Oscar.
Em tudo e por tudo um ótimo filme, recomendo!
Curiosidades: Ao contrário do que geralmente ocorre (vide Alan Moore!) Saramago aprovou e deu sua benção ao filme, chegando a chorar na sessão de gala que ele assistiu ao lado de Meireles.
Em meio ao clima pesado do filme uma seqüência irônica, o `Rei da Ala 3`, ao tomar o controle do sistema de som do sanatório, canta ao microfone o sucesso `I Just Called To Say I Love You` de.....Stevie Wonder! Não sei se essa passagem existe no livro, mas a idéia foi muito boa.
Até chegar à edição final do filme Meireles fez 9 cortes, a versão que está sendo exibida nos cinemas é o 10º corte do filme, o que mostra a complexidade de se adaptar o livro para o cinema e também a pressão exercida pelo estúdio por um resultado final vendável.
A maioria das cenas foram gravadas em São Paulo, também houveram locações em Ontário (Canadá) e Montevideo (Uruguai).
A exemplo do livro nenhum dos personagens tem nome no filme.
O casal de japoneses apresentado no filme, que tem quase todas suas falas no idioma japonês, começaram a namorar na vida real logo no começo das filmagens.
Em algumas cenas os atores principais do filme usaram lentes de contato que bloqueavam 100% da visão, para conferir realismo às cenas.
Em terra de cego quem tem um olho é rei, assista no cinema!
TRAILER
José Saramago assiste Ensaio Sobre a Cegueira
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