segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Desenhista inspira-se em cena de Cidade de Deus para graphic novel do Coringa

A graphic novel Joker saiu nos EUA na semana passada. Com roteiros de Brian Azzarello (100 Balas) e desenhos de Lee Bermejo, é o primeiro grande trabalho com o arquiinimigo de Batman após a consagração do Coringa em Cavaleiro das Trevas. E, para os leitores brasileiros, uma surpresa interessante.
Em um quadro da página 118 da graphic novel, o Coringa está apontando seu revólver, com cara de sádico para seu assecla Jonny Frost. A cena é idêntica a uma das imagens mais contundentes do filme brasileiro Cidade de Deus, de Fernando Meirelles, na qual Zé Pequeno - ainda Dadinho - comete um de seus primeiros crimes. Compare abaixo, na galeria.
Difícil ser coincidência, certo? Cenas inspiradas - ou copiadas ou, ainda, feitas em homenagem –não são novidade em HQ´s. Os desenhistas apóiam-se em várias referências visuais para construir cada ângulo de seus quadros, e às vezes podem "copiar" uma foto que represente todo o espírito que quer colocar no seu desenho.
Bermejo, desenhista norte-americano atualmente residente na Itália, recorrendo à cena de Cidade de Deus é indicativo tanto da popularidade internacional do filme brasileiro, que concorreu a quatro Oscars, quanto do fato de ele ter tornado-se referência sobre violência e insanidade - ao ponto de ser "citado" em uma graphic novel do Coringa.
Na esteira do sucesso de O Cavaleiro das Trevas, uma HQ dedicada ao Coringa era tudo que os fãs queriam. Foi justamente sobre isso que Brian Azzarello falou, em entrevista, ao site da Publisher's Weekly.
"Começamos o álbum antes do filme, há mais de dois anos. Na verdade, acabamos ele antes do filme, mas a DC decidiu esperar para lançá-lo. Na época, questionei esta decisão, mas hoje penso diferente. Foi uma ótima decisão. Se aquele Coringa do filme é o que as pessoas querem, então essa HQ é para elas. O que queríamos era tentar algo realista com o personagem, e como é viver em uma cidade com um chefão do crime totalmente insano", disse Azzarello.
O escritor disse que a história não se encaixa na continuidade normal de Batman - "não é algo a que eu queira ficar preso. Acho que continuidade não ajuda esse tipo de história" - e comemora o fato de a DC ter aceitado o formato de graphic novel original, o que não acontecia há muito tempo na linha de heróis da editora.

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