quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Crise econômica: quadrinhos estão virando investimento

Por Marcus Ramone (03/11/08)

O mercado de obras de arte vem surpreendendo diante do caos econômico que ora atinge o mundo. O exemplo mais notório e celebrado é o do artista plástico inglês Damien Hirst, cujas criações são grandes animais (tubarões, bezerros e outros) empalhados e adornados com detalhes variados.Para muitos, ele é apenas um taxidermista, mas desde o mês passado já ganhou quase meio bilhão de dólares com a venda de seus trabalhos em leilões diversos. Como escreveu a Folha de S.Paulo, "Hirst zomba do mercado".Na esteira dessa tendência que, por enquanto, sobrevive e cresce à revelia da crise econômica, também estão as obras de arte relacionadas às HQs. Nesse caso, as próprias revistas em quadrinhos incrementam ainda mais seu status de moeda valiosa na sempre inflacionada área de colecionáveis, pelo menos nos Estados Unidos e em alguns países da Europa.De acordo com o site britânico de negócios This is Money, o valor de gibis clássicos aumentou em quase 10% desde a última avaliação. Um exemplar de Action Comics, com a primeira aparição do Super-Homem, já está valendo quase 800 mil dólares.

"Quadrinhos do Super-Homem, Batman e de outros personagens das eras de ouro e de prata são investimentos fixos realmente fortes", disse ao site do jornal norte-americano KVAL o proprietário da loja Nostalgia Collectibles Darrell Grimes, em Eugene, Oregon, Estados Unidos.Há duas semanas, o Wall Street Journal revelou que muitos donos de comic shops norte-americanas estão investindo pesado em quadrinhos raros dessas eras clássicas. Seria uma saída para a retração nas vendas de gibis contemporâneos, muitos dos quais já tiveram os preços reajustados. Dependendo da edição, um único exemplar dessas raridades vendido a um colecionador mais abastado garantiria a féria do mês para grande parte dos lojistas.Na Europa, informa a BBC News, está acontecendo um estouro de vendas no mercado de artes originais de quadrinhistas clássicos como Jack Kirby, ofertados em sites de leilão dos Estados Unidos. Isso é justificado pelo câmbio entre dólar e euro, favorável aos europeus.

Também no Velho Continente, a popularidade dos Smurfs vem sendo explorada economicamente não apenas por empresas licenciadas - que lançaram no mercado, entre outros produtos, uma série de estatuetas com preço de US$ 1,500 por item -, mas também por colecionadores que estão tirando do sótão alguns velhos brinquedos e materiais relacionados aos personagens e comercializando em vários canais de negociação.Não é novidade que, principalmente nos Estados Unidos, há pelo menos duas décadas o comércio de quadrinhos antigos e outros colecionáveis afins se transformou em ganha-pão para muita gente. O que vem acontecendo nos últimos meses, porém, é um aumento exacerbado na demanda, graças também à adesão de pessoas antes alheias a essa prática. É uma bolha que cresce rápido demais e pode estar prestes a estourar, mesmo porque o fato de esse mercado permanecer incólume na crise econômica mundial é uma aberração que a lógica deve tratar de corrigir em pouco tempo.


Enquanto isso não acontece, especialistas estimam que o ano de 2008 fechará com a espantosa cifra de até 100 milhões de dólares arrecadados em todo o planeta na área de artes relacionadas a quadrinhos, incluindo nessa lista gibis, ilustrações originais e demais artigos, segundo projeções da revista de cultura pop Conde Nast Portfolio.No mês passado, em meio a toda a turbulência por que passa a economia mundial, uma pintura estrelada por Super-Homem e Batman bateu recorde de venda em Hong Kong, na China, anotou o site do canal de finanças Bloomberg. O quadro mostra os super-heróis usando um sanitário e foi arrematado em leilão pelo equivalente a 618 mil dólares, a maior transação de uma obra de arte em toda a Ásia desde que a crise do crédito começou.Independentemente do quanto tudo isso possa ser efêmero, "os quadrinhos de super-heróis podem salvar os investidores", como anotou o This is Money.São palavras que, há poucos meses, soariam tão espantosas quanto risíveis até para os apreciadores da nona arte.
Fonte: Universo HQ http://universohq.com.br/














































Nenhum comentário: