Após o fim da insana tour de `Arise` ( 2 anos!), o Sepultura descansou um pouco em Phoenix, para onde se mudaram durante a tour, com exceção de Iggor, que se mudou para San Diego, e se reuniram para começar a trabalhar no sucessor de `Arise`.
Os ensaios começaram em Phoenix e logo foram transferidos para o Brasil, mais exatamente para Embu-Guaçu, interior de São Paulo, onde eles alugaram um sítio e passaram várias semanas trabalhando nas novas composições.
Desde o começo do processo de composição os 4 membros da banda já haviam decidido que não iriam de jeito nenhum repetir o estilo e a `fórmula consagrada` de `Arise` do qual já estavam pra lá de enjoados após 2 anos tocando o material do disco.
Além disso a banda já havia decidido que o novo disco seria a oportunidade de eles saírem do `gueto` Thrash Metal e tentar incoroporar novas sonoridades e influências no seu som.
Nessa época Max e Iggor estavam cada vez mais interessados na sonoridade do Olodum e de outras bandas baianas de percussão, e ao mesmo tempo, a banda inteira estava ouvindo muito som industrial.
Os nomes de John Zorn (jazzista vanguardista que é fã declarado do Napalm Death) e Al Jourgensen ( Ministry) chegaram a a serem cogitados para produzir o disco, mas quem acabou produzindo o disco foi o ultra competente Andy Wallace, que já havia trabalhado com a banda na mixagem de `Arise`.
Por causa da pesada influência de som instrumental Andreas decidiu que o novo álbum não teria camadas e mais camadas de guitarras, e nem partes ultra complicadas, tudo seria mais simples e direto.
Após um longo processo de composição a banda decidiu que precisava de calma e isolamento para gravar o novo disco, e acharam o lugar perfeito para isso, o estúdio Rockfield, localizado próximo de uma floresta no interior do..........País de Gales!
Mais isolamento impossível.
No Rockfield foram gravados discos clássicos de bandas do naipe de Queen, Rush e Black Sabbath, indubitavelmente um ótimo estúdio!
Wallace teve a idéia de gravar os vocais de Max como se ele estivesse cantando em um show, colocando monitores na frente dele para criar a `atmosfera` de um show, e o resultado da experiência foi ótimo, como pode ser visto nos vocais do disco.
O processo de gravação do disco foi lento, com a banda experimentando bastante.
Não foi só a sonoridade da banda que mudou, as letras também mudaram bastante, passando a serem bastante politizadas, inclusive com o Sepultura
pela 1º vez na carreira, falando sobre as mazelas sociais, políticas e econômicas do Brasil na maioria das faixas
Especialmente na faixa `Manifest` que fala sobre o massacre ocorrido no presídio do Carandiru, em 1992.
Diz a lenda que a princípio Wallace pensou que Max tinha inventado os fatos narrados na letra, e ficou pasmo ao saber que tudo era real.
Durante as gravações a banda decidiu gravar alguns covers para serem usados como B-Sides dos singles, foram gravadas as músicas `The Hunt` (New Model Army, por `pressão` de Iggor, que é fanático pela banda e convenceu os outros músicos a gravarem essa música), `Polícia` (Titãs, que a banda já tocava ao vivo a muito tempo), `Inhuman Nature` (Final Conflict, ótima banda HC norte-americana) e `Crucificados Pelo Sistema` (RxDxP).
Mantendo a tradição de ter convidados nos álbuns da banda, Chaos A.D teve participações especiais de Evan Seinfeld (Biohazard), que fez uma parte da letra de `Slave New World`, e nínguem menos que Jello Biafra, que fez a letra e cantou em `Biotech is Godzilla`.
Da abertura com os batimentos cardíacos do então recém-nascido Zyon às risadas grotescas em uma faixa escondida que encerra o disco, `Chaos A.D` é um clássico, um dos melhores discos do Sepultura.
Na época em que o disco foi lançado o Metal se encontrava em uma verdadeira estagnação, com sua inusitada mistura de metal, percussão afro brasileira, industrial e hardcore, `Chaos AD` se destacou bastante e foi muito bem falado pela imprensa especializada.
O disco foi lançado em outubro de 1993, e ciente da obra prima que tinha em mãos a Roadrunner preparou uma enorme campanha promocional, que custou quase U$ 1.000.000,00!
O lançamento do disco foi feito em um castelo no País de Gales, onde uma festa bem exótica (soldados de armadura, apresentação de grupos de dança afro, grupos de capoeira, comida brasileira e muito whisky) foi oferecida a jornalistas do mundo inteiro, disk jockeys, fãs sortudos e amigos da banda.
Em meio a esse autêntica zorra o Sepultura tocou a faixa `Kaiwoas`, que foi ovacionada pelos presentes, e que é dedicada à tribo brasileira de mesmo nome que cometeu suicídio coletivo em protesto contra o governo brasileiro.
A estrutura da Roadrunner na Europa ( a gravadora é holandesa) era enorme, mas o mesmo não acontecia nos E.U.A, o que levou a gravadora a assinar um acordo de distribuição com a Epic, um braço da toda poderosa Sony Records.
A estratégia de divulgação da Roadrunner deu certo, na Inglaterra `Territory`, 1º single do disco, entrou no `chart` de singles mais vendidos, nos E.U.A a mesma música ficou em 1º lugar em rádios rock por muitas semanas, na frente de nomes como Nirvana e Pearl Jam.
O vídeo da música, gravado em Israel, foi um dos mais pedidos do ano na MTV Europa.
Além de `Territory`, as músicas `Refuse/Resist` e `Slave New World` também foram lançadas com singles/vídeos.
A tour de `Chaos AD` começou em 23/10/1993 com 35 shows pela Europa tendo o Paradise Lost como banda de abertura.
Nessa tour a banda teve sérios problemas com a polícia alemã, em Berlin, que num episódio até hoje não explicado, desconfiou que a banda estava com uma quantidade enorme de cocaína no seu tour bus, que foi devidamente revistado, só sendo encontrada uma garrafa de Jack Daniel´s.
Max ficou tão puto com o ocorrido que, com a ajuda do roadie Leo, re-escreveu a letra de uma música pré-histórica do Sepultura chamada `Antichrist`, que se transformou em `Anti Cop` e passou a ser presença constante no set list da banda durante a tour.
Um pouco após esta tour européia, Max e Gloria se envolveram em uma pancadaria na saída de um show do Rage Against The Machine em Phoenix e foram parar em uma delegacia, inclusive com Max sendo ameaçado de deportação pelos `representantes da lei e da ordem`, felizmente Max apenas dormiu `na tranca` e foi liberado pela manhã.
Enquanto isso no Brasil o lendário Toninho (presidente do Sepultura Official Brazilian Fan Club) junto com seus amigos Sérgio Café e Airton Soares começaram uma campanha de abaixo-assinado para incluir o Sepultura no Hollywood Rock 94, que tinha entre suas atrações Aerosmith, Robert Plant, Whitney Houston, Poison, Titãs, Ugly Kid Joe e Skank (arrghhhh!!!!!)
Paralelamente à campanha do abaixo assinado, Toninho e alguns amigos também organizaram um boicote ao cigarro Hollywood!
Pressionada pelas mais de 7.000 (!!!) assinaturas a Hollywood não teve outra saída senão encaixar o Sepultura no festival.
O show aconteceu no Estádio do Morumbi, as outras atrações do dia eram Robert Plant, Live e Ugly Kid Joe.
O Sepultura tocou para um público de mais de 50.000 pessoas e matou a pau, fez uma apresentação impecável, foi nesse show que aconteceu o famoso `incidente da bandeira` em que Max, segundo a polícia, pisou numa bandeira do Brasil que tinha o S tribal do Sepultura, o que rendeu uma `cana` para o vocalista, que só durou uma noite, e reações apaixonadas de pessoas a favor e contra Max, que levou um esporro até de sua avó.
Em tempo: Max não pisou na bandeira deliberadamente.
Uma semana após esse acontecido o Sepultura tocou na versão carioca do Hollywood Rock, na Praça da Apoteose, e fez outro show impecável, com participação especial de Jão e Gordo do RxDxP (que também participaram do show no Morumbi) na música `Crucificados Pelo Sistema`, no dia anterior o Sepultura havia feito uma participação especial no show dos Titãs, tocando......`Polícia`.
Após o Hollywood Rock o Sepultura fez uma tour norte-americana de dois meses de duração com Clutch, Fear Factory e o Fudge Tunnel.
Em março de ´94 foi lançado o disco do Nailbomb, projeto de Max e Alex Newport do Fudge Tunnel, que na época era casado com uma das filhas de Gloria.
Em abril a banda voltou para a América do Sul para shows no Brasil, Argentina, Chile e Peru, os shows no Peru foram cancelados, por pressão das autoridades Católicas locais.
Os Titãs abriram um dos shows na Argentina para o Sepultura, e foram hostilizados pelo público, que os detestou, e passou o show inteiro cuspindo neles e atirando objetos no palco.
A situação ficou tão tensa que o Sepultura teve que ir ao palco e pedir para os hermanos se acalmarem.
Um pouco após isso a banda foi convidada para tocar no mítico `Donington Monsters Of Rock, na Inglaterra, no palco principal!
As outras atrações no palco principal foram Aerosmith, Extreme, Pantera e Therapy.
Depois do show em Donington o Sepultura fez uma enorme tour pelos E.U.A com o Pantera e o Biohazard, fui em um show dessa tour!
Uma parte dessa tour aconteceu durante a Copa do Mundo de 1994, que foi disputada nos E.U.A, e no dia da final o Sepultura tinha um show em Los Angeles, a banda inteira foi assistir a final e após o jogo (o Brasil ganhou da Itália nos pênaltis, para mim essa foi a última fez em que a seleção brasileira realmente disputou uma Copa, mas isso já é outra história..) fez um show histórico, em que até o Phil Anselmo tocou com uma camisa da seleção brasileira!
O Sepultura tocou com camisas da seleção e com os rostos pintados com as cores do Brasil, fotos dessa apresentação correram o mundo.
O ponto alto dos shows do Sepultura nessa tour era a música `Kaiwoas` em que membros do Pantera e do Biohazard subiam ao palco para participar da batucada com os brasileiros.
Em novembro o Sepultura fez uma tour pelo Brasil com os Ramones, tocaram em Curitiba, Florianópolis, Belo Horizonte, Porto Alegre e Santo André, nessa tour o Sepultura recebeu um Disco de Ouro por vendas de mais de 100.000 cópias de `Chaos AD` no Brasil.
`Chaos AD` foi extremamente bem sucedido comercialmente, recebendo Disco de Ouro na Bélgica e na Indonésia, e Disco de Prata na França e na Inglaterra.
Os problemas que levariam à separação da banda tiveram início na tour de `Chaos AD`, entre eles a insatisfação dos demais membros com o destaque que a imprensa especializada estava dando a Max e com o trabalho de Gloria como empresária da banda, e os atritos de Gloria com as mulheres dos caras da banda, principalmente com a então esposa de Iggor, Monika, que por trabalhar em uma agência de viagens passou a ser a responsável pela compra das passagens aéreas da banda.
Juntamente com o `Chaos AD` você também pode baixar o E.P `Refuse/Resist`, que teve várias edições ao redor do mundo, mas a mais completa é a brasileira, que está disponível aqui, o E.P traz todos os B-Sides dos singles de `Chaos AD` e algumas faixas ao vivo.
Passados 15 anos de seu lançamento `Chaos AD` ainda é um álbum atual, um trabalho corajoso e inovador, baixe!
01 – Refuse/Resist
02 – Territory
03 – Slave New World
04 – Amen
05 – Kaiwoas
06 – Propaganda
07 – Biotech is Godzilla
08 – Nomad
09 – We Who Are Not As Others
10 – Manisfest
11- The Hunt
12- Clenched Fist DOWNLOAD
http://www.4shared.com/file/33891629/f805bee6/Sepultura_-_Chaos_AD.html?s=1
01 – Refuse/Resist
02 – Crucificados pelo Sistema (cover do Ratos de Porão)
03 – Inhuman Nature (cover do Final Conflict)
04 – Drug Me (cover do Dead Kennedys)
05 – Dead Embrionic Cells (Live)
06 – Desperate Cry (live)
07 – Orgasmatron (cover do Motorhead – Live)
DOWNLOAD
Sepultura - Refuse/Resist
SEPULTURA - TERRITORY
Sepultura - Slave New World
Sepultura - Propaganda (Live Hollywood Rock 94)
Sepultura - Amen (Live Hollywood Rock 94)
Sepultura - We Who Are Not As Others(Live Hollywood Rock 94)
Sepultura - Biotech is Godzilla (Live Hollywood Rock 94)
Sepultura - Kaiowas - Live 07/06/94
Sepultura - Polícia Live at Donington Park 1994
Titas & Sepultura-Polícia live 94
SEPULTURA & PANTERA – WALK/KAIOWAS
Sepultura - H.N.S.N.S.N. (DISCHARGE)/Policia (w/ Phil Anselmo)