Acho
que o único disco deles do qual eu cheguei a escutar alguma coisa foi `Theli`,
de 1996, que eu escutei porque trabalhava em um loja de discos na época.
Como
a sonoridade deles não `bateu` nem cheguei a gravar algo do disco. E nunca mais
procurei ouvir os lançamentos da banda, mas isso mudou no comecinho desse mês!
Lendo
a Roadie Crew de março me deparei com uma entrevista deles em que o vocalista
Cristopher Johnsson explicava os detalhes do disco novo do Therion, `Les Fleurs
Du Mal`, em que eles pegaram várias canções tradicionais francesas e as
`metalizaram`, epa!
Simplesmente
amo quando uma banda de metal se liberta dos grilhões e `dogmas` do gênero e toma uma atitude como
essa do Therion!
CRISTOPHER JOHNSSON
Não
sou exatamente um francófilo mas tenho um certo apreço pela língua e por alguns
aspectos da cultura francesa. E pelas mademoiselles também!
Na
entrevista Johnsson explicou que a idéia de regravar canções tradicionais
francesas surgiu quando ele passou a pensar em gravar um disco de covers mas
não queria trilhar o fácil e batido caminho de regravar canções metal, punk ou
pop.
Quanto
mais pensava no assunto mais via que o caminho era usar músicas desconhecidas
da maioria das pessoas, pois assim poderia modificá-las à vontade, adaptá-las à
sonoridade do Therion sem a pressão que teria de enfrentar se optasse por
canções manjadas.
Quando
começou a listar as canções que gostaria de usar no projeto Johnsson percebeu
que mais da metade delas eram francesas, e voilá, viu que o caminho era usar as
belíssimas canções do cancioneiro popular gaulês!
Para
tornar o trabalho mais diferente ainda Johnsson não se limitou a canções
conhecidas como `Poupée de cire, Poupée de son` de Serge Gainsbourg, foi fundo
na pesquisa e chegou a artistas cujos trabalhos nem chegaram a ser lançados em
CD, como Léonie Lousseau.
Escolhidas as faixas veio o grande desafio, gravar as músicas em francês, pois o Therion é da Suécia e sempre gravou seus discos em inglês, com uma ou outra faixa em sueco.
Uma
amiga franco-americana da banda se prontificou a trabalhar na pronúncia do francês com os 4
(!!!!) vocalistas da banda.
Thomas
Vikström e Snowy Shaw apanharam bastante porque não falavam absolutamente nada
de francês e tiveram de trabalhar a pronúncia de palavra por palavra das
letras!
Acostumados
a gravar um álbum inteiro em poucos dias os dois vocalistas penaram repetindo
muitos e muitos takes, que estavam tecnicamente perfeitos, mas não podiam ser
usados por causa de `escorregadas` na pronúncia.
Já
as vocalistas Lori Lewis e Mari Paul não tiveram nenhum problema durante as
gravações.
Cantora
de ópera, Lewis aprendeu francês estudando e praticando obras de autores
gauleses, já Mari Paul é uma finlandesa que tem como terceira língua exatamente
o francês. Disse terceira língua porque praticamente todos escandinavos
aprendem inglês paralelamente ao seu idioma natal na escola, desde pequenos.
Com
as gravações em andamento o Therion teve que enfrentar mais uma provação:
devido à ousadia e ineditismo do projeto a Nuclear Blast não viu potencial
comercial no disco.
Como
se tratava de um disco de covers havia uma cláusula no contrato entre a
gravadora e a banda que eximia a Nuclear Blast de lançar o disco se não
gostasse do repertório.
Foi
aí que Cristopher Jonhsson deu um exemplo de comprometimento com a sua visão
artística que até me arrepia, propôs que ele mesmo pagasse pelos custos da
produção (75.000 euros!!!!!) e assim pudesse lançar o disco de forma
independente, pouquíssimas bandas tomariam tal atitude!
Obviamente
a gravadora aceitou a proposta e a banda finalizou o processo de gravação do
disco.
Como
empatou uma grana altíssima na produção do disco, Johnsson ficou sem um mísero
euro para usar na divulgação, apostou que pelo caráter diferenciado do disco as
resenhas da mídia especializada causariam algum tipo de reação, boa ou má,
falem mal mas falem de mim!
A
estratégia deu certo e o disco passou a ser alvo de opiniões e debates
acalorados, a favor e contra!
O
nome `Les Fleurs Du Mal` foi retirado de uma obra (6 poemas) do `maldito` poeta
francês Charles Baudelaire, que chegou a ser proibida na França no século XIX!
Amei
o disco, é o que eu mais escuto ultimamente, o Therion apostou alto e está
colhendo os frutos de sua coragem e ousadia!
Como
disse antes, adoro bandas que inovam, que rompem as barreiras de seu estilo
musical, ainda mais quando a inovação é feita com todo o charme e sofisticação
da música francesa, `Les Fleurs Du Mal`, très bien, baixe!
1.Poupée De Cire,
Poupée The Son
2. Une Fleur Dans Le Coeur
3. Initials B.B
4. Mon Amour, Mon Ami
5. Polichinelle
6. La Maritza
7. Soeur Angelique
8. Dis Moi Poupée
9. Lilith
10. En Alabama
11. Wahala Manitou
12. Je N'al Besoin Que De Tendresse
13.La Licorne D'or
14. J'al Le Mal De Toi
15. Poupée De Cire, Poupée The Son
16. Les Sucettes
2. Une Fleur Dans Le Coeur
3. Initials B.B
4. Mon Amour, Mon Ami
5. Polichinelle
6. La Maritza
7. Soeur Angelique
8. Dis Moi Poupée
9. Lilith
10. En Alabama
11. Wahala Manitou
12. Je N'al Besoin Que De Tendresse
13.
14. J'al Le Mal De Toi
15. Poupée De Cire, Poupée The Son
16. Les Sucettes
Um comentário:
Ótimo post... ótimo álbum.. sou fã de Therion desde o início, quando nem era "sinfônico" ainda... tenho quase tudo... Valeu.
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