Segundo Rich Johnston, do site Bleeding Cool, a DC Comics pretende publicar algumas novas aventuras de Watchmen, o clássico de Alan Moore e Dave Gibbons.
A ideia de lançar uma continuação de Watchmen não é nova.
Entre 1986 e 1987, época em que a revista foi publicada, o próprio Alan Moore sugeriu a possibilidade de uma série de 12 partes escrita por ele e ilustrada por Gibbons, sobre os Minutemen (o grupo de heróis da década de 1940 que é visto em Watchmen).
A DC sugeriu outras possibilidades, como O Diário de Rorschach, uma revista com a parceria entre Rorschach e o Coruja, ou até uma série com o Comediante na Guerra do Vietnã (ideia inspirada, na época, pelo sucesso da revista The 'Nam, da Marvel).
Mas nada disso foi pra frente, e Moore sempre refutou veementemente a possibilidade de algum outro artista ou escritor trabalhar com os personagens. Aliás, todas as tentativas de se publicar uma sequência de Watchmen ou algum outro tipo de série derivada (as chamadas prequels ou spin-offs) sempre foram barradas por Paul Levitz, o presidente da DC Comics.
Levitz, apesar das divergências - algumas delas graves - com Alan Moore, sempre entendeu que Watchmen é um trabalho autoral do roteirista britânico e de Gibbons, e defendeu essa postura até deixar o cargo de presidente da editora.
Segundo Levitz, uma sequência de Watchmen iria contra os desejos de Moore e Gibbons e causaria um grande mal-estar entre artistas, escritores e os fãs. No entanto, esta não é a visão de Dan Didio.
O grande motor por trás disso é o filme Watchmen, que ajudou a gerar uma venda enorme dos encadernados da minissérie, que se tornou a campeã da editora neste nicho.
Assim, é natural que a DC , que atualmente tem ligação muito mais direta com a Warner Bros., esteja muito interessada em usar novamente os personagens.
Segundo o artigo de Johnston, este é um projeto preferencial de Dan Didio, que deverá incluir histórias sobre o passado dos personagens, continuações e até uma revista mensal.
Parece que, por razões contratuais, o projeto precisa ser inicialmente oferecido a Alan Moore e Dave Gibbons. Caso eles recusem, as novas séries podem ser oferecidas a outros artistas. Na prática é mais fácil resolver o conflito entre Israel e a Palestina do que convencer o roteirista a escrever uma série relacionada a Watchmen para a DC.
E quem seriam os artistas e escritores dispostos a participar de tal projeto, caso Moore e Gibbons rejeitem a oferta?
Aliás, o contrato de Moore e Gibbons com a DC Comics, em relação à Watchmen, é um dos fatores que criaram esse problema. Ao contrário do que acontece normalmente nas grandes editoras, Watchmen não foi feito como trabalho contratado (work-for-hire).
O contrato possui uma cláusula que, em teoria, deveria reverter os direitos da série para seus autores, caso a DC passasse um ano sem usar os personagens. Alan Moore chegou a comentar publicamente o assunto em 1985, durante uma edição da San Diego Comic-Con (informação repetida numa entrevista na revista The Comics Journal, de março de 1986).
Mas, devido a uma brecha técnica na maneira com que o contrato foi escrito, na prática a DC retém os direitos enquanto a obra continuar sendo publicada (o assunto também foi abordado no The New York Times, de 12 de março de 2006).
Desde
Não resta dúvida que se a DC Comics continuar com seus planos todos esses projetos vão vender bastante. Afinal, já se passaram quase 25 anos desde o lançamento de Watchmen, e existe um grande número de fãs que só conhecem a obra devido ao filme.
Por outro lado, qualquer projeto relativo a Watchmen sem a presença de seus autores originais vai criar um grande descontentamento entre os fãs do material original, sem falar na situação constrangedora que se instalará entre escritores e desenhistas.
Esse tipo de atitude não é nada novo no mercado de quadrinhos. Elektra, de Frank Miller, só para citar um exemplo, sofreu tratamento similar. Portanto, esta não será a última vez que coisas assim ocorrerão.
Como diria o Comediante, "É tudo uma piada. Mas alguém precisa explicar qual é a graça."
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