Valeu Natal, então, esse
nome foi idéia do Victor que é o guitarrista, depois de ficarmos um bom tempo
pra decidir qual nome colocar na banda e
tal, vários nomes vieram mas nenhum se encaixou como deveria ou agradou a
todos, aí surgiu a idéia do Livre?. Que não é usado somente como nome da banda,
mas sim como uma pergunta que devemos fazer para nós mesmos, se somos realmente
livres vivendo nessa sociedade que vive um padrão estabelecido, como trabalhar
e estudar para ter que sobreviver e todas as outras coisas impostas e até onde
somos capazes de lutar pela tal liberdade de escolher o que queremos ser, como
devemos viver, com quem queremos estar e etc.
Vamos agora a uma
pergunta de praxe em 99,9% das entrevistas. Quando e como o Livre? Foi formado?
Quem passou pela banda? Qual é a formação atual?
O Livre? Foi formado no
final de 2011, eu sou de Morrinhos interior de Goiás, me mudei pra cá em julho
do ano passado, dando alguns rolês pelos hardcores daqui de Goiânia conheci o
Urbano num show do ExOxDx, aí começamos a trocar umas idéias sobre som e tal, e
eu dei a idéia que eu estava a fim de fazer um som rápido e ele já falou que
topava aí fodeu. Um tempo depois tomando um vinho com o Alysson que já é
grindeiro das antigas, baixista do Dor de Ouvido e do Repúdio CxGx de Campo
Grande, chamei ele pra embarcar nessa também, marcamos o dia do primeiro ensaio
e o Urbano levou o Victor vocal do ExOxDx pra tocar guitarra porque ainda não
tínhamos arranjado um guitarrista e ficou assim. A formação atual é a mesma
desde o começo, eu Gilcélio no vocal, Victor na guitarra, o Alysson no baixo e
o Urbano na bateria.
Quais são as
influências musicais e literárias de vocês?
Ah cara diretamente eu nem
sei dizer kkkkkk, gostamos de muitos sons, minhas influências: grindcore,
crust, powerviolence, crossover, bastante anti-música. o Victor pira muito nas
bandas de hardcore dos anos 80 que eu gosto muito também, como D.R,I. Dead
Kennedys, Black Flag, Bad Brains, Minor Threat, o Alysson também curte muita
barulheira, bastante punk rock e um monte de coisas, o Urbano tem muitas
influências fodas também, aí cada um usa isso pra compor nossos sons pra sair o
que sai, mas a intenção é tocar cada vez mais rápido. Já em questão de
influência literária, eu como zineiro além de fazer e escrever zines, também
gosto muito de ler zines de todos os gêneros e formatos, gosto de bastante
livros também e tal, ler sempre me acrescenta bastante coisa positiva.
O release e as letras
do Livre? apresentam um forte cunho anarquista/libertário, podem falar um pouco
sobre isso?
As letras do Livre? são
bastante diretas no que queremos expressar como nossa idéia, que esse sistema é
sujo, corrupto, preconceituoso e opressor e que não queremos fazer parte disso,
mas sim ser livres e viver em igualdade e respeito mútuo. As letras expressam
protesto contra todo tipo de autoritarismo, não somente o político, religioso e
militar, mas também contra o autoritarismo imposto por pessoas que convivemos
no nosso dia, que adoram mandar e desmandar para encher de orgulho o seus egos
e status. O anarquismo para mim é bastante individual e que o mais importante é
fazer por você e pelas pessoas que você ama tudo que for possível para viver
bem e feliz saca? Sem nenhum
preconceito, autoridade, intolerância e outras atitudes de merda envolvidas.
Como foi o corre para
gravar a demo “O mundo está perdido mas sua vida não está?”
Ué, foi minha primeira
experiência com gravação em estúdio e tal, pro resto da banda também, menos
para o Alysson. Então claro que tinham que rolar uns contratempos, esqueci o
baixo que eu tinha que levar, achamos que em duas horas dava pra gravar tudo,
mas nem deu kkkkk, então gravamos os instrumentos em duas horas e meia, e ainda
ficou uma música de fora e tivemos que pagar outra hora para gravar os vocais,
gravamos com o Marcelo no Old Stúdio, foi firmeza. Achei da hora, sempre tive
vontade de gravar um som e tal, imortalizar uma parada feita com outros
brothers com a mesma motivação de fazer algo acontecer, foi divertido.
Como está sendo a
repercussão da demo até agora?
Ué, acho que quem gosta de
ouvir um som rápido, berrado, sem entender nada que está sendo dito gostou, a
nossa demo já foi postada em alguns blogs pra download, mostrei pra uns
brothers de fora que eu conheço de vários lugares do país que curtiram, foi
legal. A galera de Goiânia também parece ter curtido pelos comentários que eu
vi no Facebook e tal e pela sua postura nos shows, então acho que a repercussão
está sendo boa.
Li que vocês têm
planos de lançar a demo também em formato físico, alguma previsão para isso?
Ué, espero que o mais
breve possível, seremos lançados por
dois selos a Two Beers daqui de Goiânia e pela Evil Mosh Crew Records de Campo
Grande – MS do Enrique vocal do Dor de Ouvido, então estamos na expectativa,
creio eu que até o final de setembro ela já vai estar rolando nas banquinhas
dos rolês.
Além do Livre? Você também toca no Disköntrolly Social e
edita um zine com o mesmo nome, como estão esses projetos?
O Disköntrolly Social banda acabou,
mas tenho planos de ressucista- lo aqui
em Goiânia, o Todd que era o guitarrista também está morando aqui, então podem
esperar que um novo projeto envolvendo o Disköntrolly Social em breve vai estar rolando nos ouvidos da galera.....
Já o zine, ele está de molho por enquanto por causa de outros corres que tenho
feito, falta de net, material e ajuda de outras pessoas com textos e idéias pra
ajudar a colocá-lo pra frente, mas o zine ainda está ativo, sempre que posso
tiro copias e distribuo pra quem eu sei que vai ler e valorizar a idéia, já
foram feitas 9 edições e com certeza outras virão, com bastante revolta e
resistência, com textos libertários, poesias, informativos e tudo mais que
merece ser expressado e vomitado.
Qual é a sua opinião
sobre o atual momento do punk/hc goianiense em termos de bandas, shows, locais
de shows, zines, público, etc?
Eu moro há um ano apenas
aqui em Goiânia, mas pelo que eu pude ver, tem pessoas motivadas a fazer algo
acontecer aqui e que estão fazendo alguma coisa, fora a galera das antigas,
como o Segundo, Júlio, a Insetus, você também Natal que há muito tempo está nos
corres de fazer os rocks e coloca bandas novas e com pouca repercussão pra
tocar, há bandas e uma galera “nova” foda rolando, Gerações Perdidas, ExOxDx,
Piratas do Cachimbo, Tarja Preta entre outras, que são bandas da cena atual e
que estão se movimentando, gravando, organizando gigs, tocando em outras
cidades e tal e isso é muito lindo e tenho
esperança que outras pessoas que ainda são somente expectadores nos
rolês, se motivem a fazer algo também . Já local de show não muda muito né?
Foda que quase sempre que tentam fazer algo fora do centro (Old e Capim Pub),
algo errado acontece, como a maldita AMMA enchendo o saco por estar rolando um
som firmeza, como rolou há pouco tempo no Bar Altas Horas no Recanto do Bosque
e como já vi rolar no Julio’s Bar também. Enquanto o sertanejo universitário
que só fala de putaria rola alto por todos os lugares da cidade e ninguém
reclama de nada. Já a cena de Zines eu acho meio fraca ainda, mas estamos
tentando mudar isso, tanto que na gig que fizemos o “Destrua o Poder não as
Pessoas”, fizemos uma distribuição firmeza de materiais, com contribuições
minhas, do Todd, do Paulinho baixista do Gerações Perdidas, com muitos
materiais dos doidos, o Matheus levando umas cópias da segunda edição do zine
do Gerações Perdidas, a galera do Tropical Youth de Brasília levando os seus
zines com as letras da banda, conseguimos acumular bastante material pra fazer
trocas e distribuir. O João Gabriel que levou livros libertários pra vender e
umas poesias anarquistas e informativos autogestionários pra jogar na mão de
quem estava presente. E isso ao meu ver mostra que tem pessoas dispostas e a
fim de fazer algo massa que possa conscientizar a galera a fazer uma diferença
positiva na cena e também no seu dia a dia em outros lugares, e que foi muito
legal ver uma mesa cheia de zines e informativos de graça pra galera pegar,
levar pra casa, ler e compartilhar idéias, ver que muita gente estava se
interessando pelas informações que
estavam ali sendo distribuídas foi muito massa.
O que vocês estão
escutando ultimamente?
Eu sempre escuto um monte de
coisa, mas tenho pirado muito em
Neo Crust , bandas como Fall of Efrafa, Tragedy, Ekkaia, Down
to Agony, Robot Wars e outras, estou ouvindo muito Autoras do Fato, grupo de
anarco rap daqui de Goiânia que conheci há pouco tempo que eu acho que nem
estão mais na ativa, a demo do NxOxIxA (Nosso ódio irá atacar) banda de
grindcore de um brother de São Paulo, que se pá num futuro próximo fará um 3way
com o Livre? Junto com o Corre Que Jesus Voltou, acho que de novo o que eu
tenho ouvido mais é isso, o resto é só mais antigueira , do grindcore,
crust e Power Violence mesmo, alguns nem
são tão antigueiras assim também. O resto da banda eu nem sei, todos ouvimos
muitas coisas diferentes, do gosto preferencial de cada um.
Victor – Fugazi, Black Flag, WCM, Baba de Sheeva, Gerações Perdidas, Possuído pelo cão, Coerência, Tirei Zero, Black Sabbath, Mutantes, Dorsal Atlântica, Lobotomia, DRI, Ratos de Porão, Test, Minor Threat.
Victor – Fugazi, Black Flag, WCM, Baba de Sheeva, Gerações Perdidas, Possuído pelo cão, Coerência, Tirei Zero, Black Sabbath, Mutantes, Dorsal Atlântica, Lobotomia, DRI, Ratos de Porão, Test, Minor Threat.
Ué, eu já ouvi tanta
encheção de saco, opressão, repressão e tudo mais na vida por causa disso, que
aperfeiçoei a técnica do desprezo e do mandar se foder hahahaha, sempre quando alguém vem falar
merda pra mim eu me desligo e só vejo a boca dela mexendo e tudo vai entrando
por um ouvido e saindo pelo outro, sou ótimo nisso, ainda mais eu que nasci num
lar cristão, político e militar, quaisquer outras pessoas que vierem com
opressão, encheção de saco, incompreensão e autoritarismo pra cima de mim, já
acho até fácil não me preocupar e desprezar. Mas hoje em dia até que é mais
sussa, esses tipos de coisa aconteciam na época que eu era mais novo e tal,
hoje moro só e em outra cidade que minha família mora então nem sofro tanto
mais com isso. Acho que o resto da banda é de boa com isso também, o Alysson
também mora só, é independente e tal, o Urbano já é um rapazinho casado e um
velho precoce heueheuhe, só o Victor mesmo que ainda mora com os pais, mas que
são de “boa” com esses lances. Claro que contratempos acontecem, mas sabemos
contorná-los, é uma questão de resistência.
E como fazem para
conciliar as inevitáveis obrigações e compromissos de trampo, família,
relacionamentos, com as atividades da banda?
Até que é de boa, por
enquanto não temos muitas atividades, o Livre?, por ser um projeto, e o Urbano
e o Victor se dedicarem mais ao ExOxDx, não ensaia muito.Eu no momento estou
sem trampo, mas faço faculdade e alguns cursos e o Victor só trampa na parte da
manhã e faz faculdade à noite, então somos os mais vagabundos da banda
heuehuehe, o Urbano e o Alysson trabalham durante o dia, então costumamos ensaiar
somente nos finais de semana, então dá para conciliar de boa tudo isso, pelo
menos eu acho que dá.
Que bandas vocês
destacam no atual cenário punk/hc daqui e de outras cidades/países?
Pra mim daqui de Goiânia,
destaco o Gerações Perdidas, Death From Above, ExOxDx e o Ímpeto que acho muito
foda, mas que quase não tem tocado, claro que tem outras que gosto muito
também. Já de outras cidades tem várias
que gosto muito, destaque para o Social Chaos, crustcore de São Paulo que tive
a oportunidade de ir no show no ano passado, que sempre tem lançado materiais
sinistros e representam bem o Brasil na cena crust na gringa. O Caim, uma banda nova muito boa de NeoCrust
de Brasília e Águas lindas, saquei só duas músicas, mas já curti muito, o
NxOxIxAx de São Paulo que eu já tinha dado idéia em uma das perguntas
anteriores que tá fazendo um grindcore desgraçado, com direito a cover do ROT
na demo que lançaram, o Dischaos Crust d-beat maniac fodido, também de São
Paulo que tem lançado uns materiais doidera, Robot Wars do Nordeste que também
já foi mencionado , que é formado por apenas dois caras que estão fazendo um
Neocrust firmeza e por aí vai, Test, Subterror, Hutt, Subcut, Facada, Defy, Dor de Ouvido, bandas que são muito
das doidas e que estão fazendo e sempre fizeram muito pela cena Crust e
Grindcore entre outras. De bandas gringas pra começar recomendo, Magrudergrind,
Yacopase, WoRmrot, ACxDCx (Antichrist, Demon Core) e Lycanthrophy,
Mindflair,Pig Destroyer (Nota do Editor:
adoro essa banda!) pra quem tiver
a fim de curtir sons rápidos, berrados e insanos.
E os shows? Estão
tocando bastante? Planos para tocar fora de Goiânia?
Fizemos 4 shows até agora,
somos uma banda nova, até que está de boa, já tocamos fora uma vez e foi no
nosso primeiro show, rolou em
Caldas Novas , num rock organizado pelo Bartião, que foi muito
divertido. E sim temos planos de tocar fora de Goiânia, assim que tivermos
tempo, grana e oportunidade vamos querer embarcar nessa de sair tocando por aí.
Falando em show, dia 09 de Setembro no Capim Pub, vai rolar uma gig FOOOODAAA,
organizada pela Two Beers, DESTRUDO, que irá rolar o Livre?, Gerações Perdidas,
o Wc Masculino que fará o primeiro show deles aqui em Goiânia depois da
volta à ativa, o Subterror de Brasília e
o Mito da Caverna de São Paulo. Prometemos fazer um show insano pra quem
estiver presente hehehe.
Acho que é só isso,
espaço livre
Valeu Natal pela
oportunidade e pelo espaço para expressar o que realmente é o Livre? E pode
contar conosco sempre que precisar de qualquer coisa, a mensagem que eu deixo
pra quem ler essa entrevista é: em vez de ficar criticando e reclamando que
nada do seu gosto está acontecendo, que tudo é ruim e ninguém presta e
blablablabla FAÇA VOCÊ MESMO A SUA CENA, FAÇA VOCÊ MESMO A SUA VIDA e PAU NO CU
DE deus e de todas as instituições autoritárias e governamentais e mesmo que
não consigamos fazer esse mundo um lugar melhor para todos, iremos fazer o
máximo para que seja um lugar melhor para nós e para as pessoas que amamos.
Link originalmente postado no blog Licor de Chorume http://licordechorume.blogspot.com, visite-os, um verdadeiro paraíso para adeptos de hc, grind e pancadarias em geral!
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