Na época eu já conhecia alguns discos do Poeta, mas por
questões estúpidas que de forma alguma vem ao caso agora eu tinha uma birra com
o trabalho do genial Genival Oliveira Gonçalves.
Em uma ida à feira de domingo do SPL para comer pastel,
tomar umas, e comprar algumas (saudosas!) fitas cassete na banca de um camelô
amigo meu (cadê você Haroldo?!!? Abraço!) vi a fitinha do `Das Trevas à Luz` e
decidi comprá-la, até por que era a única de rap que estava à venda na banca
que eu ainda não tinha!
Quem pegou essa época, metade final dos anos 90, lembra o
tanto que era difícil conseguir material underground. Quem gostava comprava o
que achava, o que conseguia por as mãos em cima, e depois separava o joio do
trigo!
No caso das fitinhas era só gravar outro som por cima, mas
se fosse vinil ou CD o lance era bem mais complicado, o jeito era se tentar uma
troca ou venda com algum amigo ou então ir a algum sebo e se submeter a avaliações
de material para lá de desvantajosas e preços maquiavélicos!
Mas voltando ao disco, ou melhor, à fita, já retornei para
casa curtindo o som no walkman (hehehe, quem se lembra disso?) e imediatamente
me tornei mais um fã do GOG!
O que eu já tinha escutado do GOG até então não tinha
`batido` também por uma questão bem pessoal, gosto de rap pesadão, raivoso, e
os primeiros discos dele deixavam muito a desejar nesse quesito, até pelas
produções, que não eram nenhuma Brastemp!
E além disso me incomodava muito o lance `mensagem positiva`
no som do Poeta, que eu achava um tanto quanto `over`, exagerado.
Quanto a isso quero deixar bem claro que respeito o direito
de qualquer músico falar o que quiser em suas letras, mas também tenho o
direito de não gostar do que ele diz. No caso do GOG o que me incomodava era
uma certa `pregação` de certo e errado, uma certa vontade, sem dúvida nenhuma
bem intencionada, de `apontar caminhos` para um público que em sua maioria não
estava nem aí para isso.
Essa atitude era bem comum no rap nacional nos anos 90, a maioria dos grupos se
sentia na obrigação de ter que fazer letras `conscientes`, o que nem sempre
gerava bons resultados, pois se há sofrimento, desemprego, e repressão policial
nas periferias, também existem os momentos de descontração, diversão, que
também podem ser usados em letras de rap, a exemplo do que o Comando DMC fazia
na época.
Sem falar que se formos às raízes do rap veremos que as
bandas pioneiras dosavam seu repertório com letras `conscientes` e letras festivas,
alegres, pra cima.
É melhor eu deixar esse assunto de lado porque ele gera uma
discussão eterna, mas minha opinião sobre o mesmo concorda com um ditado popular que exemplifica de
maneira magistral a sabedoria dos antigos: `tudo demais é veneno`!
O `Das Trevas à Luz` me pegou de jeito, pois o GOG conseguiu
a proeza de aliar uma sonoridade pesada e agressiva à letras muito boas,
combativas, mas que não caiam no denuncismo vazio, anos luz além da ladainha da
`síndrome do coitadinho` tão comum no rap nacional.
As tais mensagens positivas ainda estavam presentes nas
letras, mas de uma maneira bem menos maniqueísta que nos discos anteriores.
Na época havia uma mística de que o GOG não usava palavrões
em suas letras (verdadeira febre nesse período), que foi devidamente derrubada com
um sonoro `mandava logo se foder` na faixa `A Verdadeira Malandragem`.
Sem dúvida nenhuma as participações absurdamente competentes
do DJ Mano Mix, e dos rappers Dino Black e Japão, contribuíram de maneira
decisiva para o sucesso do disco, simplesmente a melhor formação que o GOG já
teve!
Esse disco estourou, caiu em cheio no gosto do público de
rap nacional, o que rendeu muitos shows, lotados, nos 4 cantos do Brasil! Fui
em alguns deles, memoráveis!
A mesma formação gravou o sucessor de `Das Trevas à Luz`,
`CPI da Favela`, que embora tenha lá seus encantos, na minha opinião, não chega
nem perto do calibre de seu antecessor.
Para mim `Das Trevas à Luz` é um dos marcos do rap nacional,
um retrato de um artista se reinventando e se preparando para uma nova etapa em
sua carreira, crescendo, evoluindo, o que é sempre bom! Baixe!
01 - Aviso Ao
Sistema
02 - A Verdadeira Malandragem
03 - Matemática Na Prática
04 - Brasil Manchete
05 - Das Trevas À Luz
06 - Resumo da Matéria
07 - Luto No Congresso
08 - Eu Choro
09 - Sonho de Metal (Opalão)
10 - Qual É O Pó
11 - Somente Deus Por Testemunha
12 - Polícia
13 - Brasília Periferia (Parte 2)
14 - Pode Crê
02 - A Verdadeira Malandragem
03 - Matemática Na Prática
04 - Brasil Manchete
05 - Das Trevas À Luz
06 - Resumo da Matéria
07 - Luto No Congresso
08 - Eu Choro
09 - Sonho de Metal (Opalão)
10 - Qual É O Pó
11 - Somente Deus Por Testemunha
12 - Polícia
13 - Brasília Periferia (Parte 2)
14 - Pode Crê
Link originalmente
postado no site Rap Nacional Download http://www.rapnacionaldownload.com,
visite-os!
7 comentários:
Esse foi o primeiro disco do GOG que eu ouvi inteiro e consegui ter pra mim. Antes disso eu tive contato com o "Dia a Dia da Periferia", vinil emprestado, então foi coisa rápida (ná época "Brasília Periferia" e "Assassinos Sociais" bombavam nas caixas)e nem tirei uma conclusão do disco. Seu relato foi perfeito, bateu uma saudade, eu era novo na época do "Das Trevas À Luz", mas as bases, as letras, a voz do Dino Black me contagiou e eu ouvia esse disco todos os dias. E como você disse Natal, pra mim também essa foi a melhor formação do GOG... Esse disco é pesado, obra prima do rap nacional e que tem muita gente que não saca.... Valeu por postar, o relato tá bonito, nostálgico. Abraço
Genor (Licor de Chorume)
Valeu Genor, massa você ter curtido o post, abraço!
oba! das trevas a luz é discão mesmo! valeu a lembrança, o texto ficou ótimo, já vou divulgar!
abraços
Poeta Xandu
[Zine ØØ - B.Boy Press]
Valeu Banca dos B-Boyzz!
Tem tempo que não leio nada sobre GOG! Bom ter visto algo por aqui! Adorei o blog! Tudo a ver comigo.
Já tô seguindo e linkando. Abraço!
Vi,
www.bardodataverna.blogspot.com
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