Amo incondicionalmente bandas corajosas e inovadoras que
colocam abaixo limites, dogmas, e regras do estilo que tocam. Sendo assim, não
haveria como eu não ser um ardoroso admirador do trabalho do Van Canto!
A história da banda começou quando após 10 anos dando murro
em ponta de faca como guitarrista/vocalista do Jester´s Funeral, Stefan `Stef`
Schmidt chegou à conclusão de que para se destacar na concorridíssima e
populosa cena metal alemã precisava pensar em algo inovador, diferente.
Em 2005 Stefan saiu do Jester´s Funeral para pôr em prática
a idéia que surgiu de suas reflexões, uma banda totalmente vocal, com alguns
vocalistas cantando `normalmente` e outros emulando a sonoridade de
instrumentos com suas vozes!
Desde o começo Stefan decidiu que o único instrumento
`verdadeiro` seria a bateria, que daria o necessário peso à banda.
Usando seus contatos e conexões na cena metálica alemã Stef
começou o processo de encontrar músicos para seu projeto, os dois primeiros a
serem contatados foram os dois vocais `normais`, Dennis `Sly` Schunkeused, da
banda Synasthasia, e a bela Inga Scharf (Fading Starlight). Além desses dois
também foram chamados Ross Thompson `voz guitarra`, o brasileiro há muito tempo
radicado na Alemanha Ingo `Ike` Sterzinger `voz baixo`, e o baterista Dennis
Strillinger.
Stef assumiu uma das `vozes guitarra` , no caso a `guitarra
solo`, chegando ao requinte de emular até solos com wah wah!
Com essa formação o Van Canto passou a ensaiar e arranjar
exaustivamente as composições que Stef havia criado para o projeto.
Sem perder tempo a banda entrou em estúdio de maneira auto
financiada e produziram o disco eles mesmos. `A Storm to Come` foi lançado em
dezembro de 2006 pelo selo General Schallplatten, de propriedade da banda. Mais
independente do que isso é impossível!
`A Storm to Come` trazia 7 faixas autorais e dois covers,
`Stora Rövardsen` da trilha sonora do filme `Ronja Rövardotter`, e uma magnífica
versão para `Battery`, da paixão da minha vida, Metallica!
A princípio o disco foi lançado apenas na Alemanha, mas a
repercussão do mesmo o levou a ser licenciado para vários países da Europa, e a
divulgação na mídia especializada gerou um enorme interesse na banda.
Para divulgar `A Storm to Come` o Van Canto gravou 2 belíssimos clips `The
Mission`, e `Rain`, que mataram a curiosidade do público em relação à banda e
também serviram para divulgar mais ainda o som do grupo alemão.
Com o crescente interesse em torno da banda uma questão foi
surgindo entre o público e a imprensa especializada, como o Van Canto soaria ao
vivo?
Em junho de 2007,
a banda tocou seu primeiro show, que deixou todos
presentes boquiabertos, pois além de reproduzir fielmente tudo que foi gravado
no CD a banda ainda apresentava uma marcante presença de palco!
Passaram a ser figurinha carimbada no enorme circuito de
festivais de metal na Europa, tocando no Dong Open Air, RockHarz Open Air,
RockAufDemBerg, e vários outros.
Bem nessa época o batera Dennis Stillinger decidiu sair da
banda, pois não conseguia conciliar a cada vez mais cheia agenda da banda com a
sua vida particular, para seu lugar Stef chamou um velho chapa, Bastian Emig,
que havia tocado com ele no Jester´s Funeral. Sortudo o rapaz!
Para finalizar o ano de 2007 o Van Canto teve duas ótimas
notícias, foram chamados para se apresentar em posição de destaque no A Dark
Winter´s Night, um festival realizado na Alemanha e na Áustria, que teria como
headliner o Nightwish, uma das maiores influências da banda.
No lado empresarial o Van Canto assinou um contrato com a
Gun Records, um braço da Sony/BMG, que relançou `A Storm to Come` de uma forma
mais profissional em dezembro de 2007, exatamente um ano após o lançamento
original.
Uma das primeira providências da Gun Records foi gravar a
toque de caixa um clip para `Battery`, que impulsionou as vendas do
relançamento.
Ainda em dezembro de 2007 foi anunciada a participação do
Van Canto no Wacken Open Air de 2008, simplesmente o maior festival de metal do
mundo!
A crescente popularidade do Van Canto em todo o mundo levou
a gravadora brasileira Laser Company a licenciar o disco para o Brasil, que
vendeu muito bem, tão bem que gerou uma tour brasileira!
De 23 de junho a 2 de julho de 2008, o Van Canto tocou em
Sudamerica, sendo a maioria das datas no eterno país do futuro, terra natal do
`baixista` Ingo, que ficou mais alegre que pinto no lixo por finalmente se
apresentar para seus compatriotas.
Após os shows por aqui o Van Canto fez uma apresentação
magistral no Wacken e a partir daí entrou definitivamente para o hall das
bandas grandes, ao menos na Europa.
Dando prosseguimento à sua carreira a banda lançou os álbuns
`Hero` (2008), `Tribe of Force` (2010), e `Break the Silence` (2011).
Tomei conhecimento da existência do Van Canto ao ler uma matéria
sobre eles em uma edição da Roadie Crew, de 2007 ou 2008, e imediatamente fui
revirar a internet atrás do disco, consegui achá-lo, baixei, gravei, e fiquei
um tempão viajando nele!
Como um projeto de vocalista sou absolutamente apaixonado/fascinado
por vocalizações harmônicas, construção de linhas de vozes, etc, algo que o Van
Canto tem de sobra!
E como um `viciado` em bandas `exóticas` viajei mais ainda
no lance do Van Canto não usar instrumentos, com exceção da bateria, fazendo
todas as sonoridades com as vozes, algo que eu ainda não tinha visto, uma
originalidade absurda!
Na real, há várias lições a serem tiradas do sucesso do Van
Canto, tanto no campo da música como no campo pessoal.
Eles não tiveram medo de ousar, de sair da `zona de
conforto`, com certeza ouviram várias e várias vezes que `essa loucura não vai
a lugar nenhum`, mas apesar disso se focaram em seu objetivo e o realizaram de
maneira absurdamente competente, uma materialização da expressão `disciplina
germânica`!
Com uma enorme influência do lado épico e melódico de bandas
como Helloween (que eu não gosto), Stratovarius (gosto), Nightwish (amo!),
Virgin Steele, e outras do mesmo quilate, aliada a sua inusitada formação, o Van
Canto pegou a cena metal de surpresa, deu uma salutar lufada de ar fresco na
mesmice que quase sempre impera no estilo.
Uma das coisas mais engraçadas em relação à época que o Van
Canto apareceu foram as tentativas da imprensa de rotular a banda, `Metal A
Capella`, `Hero Metal A Capella`, `Heroic Melodic Metal` e a melhor de todas
`Rakkatakka Motherfucker`, uma criação da própria banda, que segundo eles é o
som que as vozes fazem quando emulam o som das palhetadas!
Se você tem a cabeça aberta para sonoridades novas, odeia
mesmice, e gosta de metal misturado a estilos diferentes, o Van Canto é uma das
bandas certas para você, baixe e curta!
Rakkatakka Motherfucker!
01. Stora Rövardansen
02. King
03. The Mission
04. Lifetime
05. Rain
06. She's Alive
07. I Stand Alone
08. Starlight
09. Battery (Metallica cover)