Esta semana a DC Comics faz o reboot em todos seus títulos e começa uma nova linha com 52 títulos. Não é por acaso que Jim Shooter, que foi editor-chefe da Marvel entre 1978 e 1987, resolveu revelar uma história sobre a editora do Superman que era só boato há quase três décadas: em 1984, a Warner Bros. quis acabar com a DC e licenciar seus personagens para a Marvel.
Por licenciar, entenda-se que Superman, Batman, Lanterna Verde, Mulher-Maravilha, Liga da Justiça etc. continuariam propriedade da Warner em todos os sentidos. Os quadrinhos com eles, porém, seriam criados e publicados pela Marvel. A vantagem para a Warner estaria em não ter que gastar mais com a DC - que só dava prejuízo - e manter seus personagens na mídia em que nasceram, os quadrinhos. A vantagem para a Marvel estava na parcela dos lucros que ficaria com a editora - que não seria pouca coisa, segundo Shooter.
O ex-editor-chefe conta em seu blog pessoal - em que tem revelado diversas histórias do seu período à frente da Marvel Comics - que tudo começou quando ele recebeu uma ligação de Bill Sarnoff, responsável por todo lado editorial da Warner. Segundo Sarnoff, a DC vinha perdendo dinheiro há muito tempo por conta de estratégias como a "Explosão DC" - uma aposta em várias novas séries, no final da década de 70, que acabou ficando conhecida na história como "Implosão DC"; as vendas de toda a linha caíram violentamente. Ele queria saber se a Marvel tinha interesse em assumir os personagens DC, em um esquema de licenciamento.
Shooter defendeu a ideia com a Marvel, que na época era de propriedade da Cadence Industries, conglomerado que, entre outras atividades, produzia cinema e quadrinhos. A editora atravessava uma ótima fase - segundo Shooter, tinha quase 70% do mercado. Os executivos de maior escalão ficaram reticentes, mas Shooter fez um projeto defendendo a aquisição da licença e justificando que, em dois anos, os títulos DC-pela-Marvel renderiam, só para sua editora, 3 milhões e meio de dólares ("um monte de dinheiro para uma editora de quadrinhos em 1984", nota Shooter).
O plano incluía lançar a linha com sete títulos: Superman, Batman, Mulher-Maravilha, Lanterna Verde, Novos Titãs, Liga da Justiça e Legião dos Super-Heróis (esta última havia sido escrita pelo próprio Shooter nas décadas de 60 e 70). O projeto vazou e Shooter diz que chegou a receber uma proposta de John Byrne - que, na época, trabalhava no Quarteto Fantástico - para a primeira edição de Superman pela Marvel. Inclusive com a capa pronta.
Com todos os executivos convencidos, o projeto deu errado por um fator externo: a First Comics abriu um processo contra a Marvel por monopólio de mercado, seguindo as leis antitruste dos EUA. Mesmo que o processo viesse a terminar em nada, a Cadence considerou prudente não monopolizar ainda mais o mercado assumindo os títulos da DC.
No ano seguinte, a DC lançou Crise nas Infinitas Terras, que fez um reboot parcial no seu universo de heróis (assim como acontecerá agora), lançando novas e lucrativas fases para seus principais títulos. Coincidência ou não, John Byrne acabou deixando a Marvel para reinventar o Superman.
Shooter revela que esta não foi a primeira vez que Marvel e DC quase se integraram, e menciona um proposta que circulou nos anos 70 - da qual só ouviu falar e não tem mais informações.
É bom considerar que Shooter é admirado por poucos e odiado por muitos no mercado de quadrinhos norte-americano - inclusive por contar histórias de um ponto de vista, digamos, muito particular. Mas, além da postagem do blog ainda não ter sido contestada por ninguém, o ex-editor mostra documentos da época para comprovar o que conta.
Fonte: Omelete http://www.omelete.com.br
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