segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Missa de Corpo Presente - Entrevista e Download do EP 2013

 Grande Michael, de boa? Espero que sim! Como foi o começo do MxCxP? Tiveram as tradicionais dificuldades até conseguirem estabilizar uma formação? Quem passou pela banda? Qual é a formação atual?

E aí Natal!!!! Comigo, tudo tranquilo. Bom, o MxCxP começou com a vontade minha e do Lorran de querer formar uma banda que trouxesse em suas letras uma mensagem e essa mensagem servisse para quem escutasse como uma reflexão dos momentos bons, ruins e para o crescimento pessoal de cada um. No primeiro ensaio, ainda como um projeto, estavam somente eu e o Lorran, nesse ensaio eu levei “Jump” (que não foi gravada para o EP) e o Lorran levou “Esse não é o Meu Lugar” (faixa que abre o EP). Nesse mesmo dia ligamos pro Leonardo e convidamos ele pra banda e pedimos que arrumasse um baixista e ele indicou o João que de cara foi aceito. Essa é a formação inicial e a formação atual. E assim espero que continue por que nós quatro nos entendemos musicalmente e isso é bom pras composições da banda.

Sei que alguns de vocês tocavam em outras bandas, estas bandas ainda existem?

Eu toquei anteriormente no SxDxC  e no Pula Pirata, infelizmente as duas não existem mais.
Lorran: SxDxC, Pula Pirata e O54 e nenhuma delas existe mais.
Leo: Pétala Mecânica, Q.R.U. Dobrado e atualmente Gigantes da Manufatura.
João: Novos Distantes, Pétala Mecânica, Revolta dos Monges, Q.R.U Dobrado, e atualmente PréMolares.


Desde que você me falou o nome da banda, mais ou menos um ano atrás, ele me agradou bastante, deveras agressivo! Como chegaram a ele e o que querem transmitir com o epíteto (falei bonito agora!) Missa de Corpo Presente?

Quem deu a ideia foi o Leonardo. Ele estava vendo uma reportagem na TV falando sobre a morte de um Bispo no Rio de Janeiro, “e hoje será a Missa de Corpo Presente”, ele achou muito bom o nome e o levou para um ensaio com a ideia de que o nome transmite o fim (Morte) das negatividades e imposições que nossas mentes nos trazem com relação às dificuldades que temos que enfrentar no dia a dia. Significa que estamos de “corpo e alma” para enfrentar a vida, nossos medos, nossas frustrações e limitações. Lutaremos contra os pré-conceitos de todos os gêneros e a música é a nossa maior alternativa. Contamos com a possibilidade de não só através de um nome forte, mas de nossas mensagens, chamar atenção para os problemas que poderiam ser evitados se não fosse pelo egoísmo de nossos seres, de nossas ações e julgamentos levianos. O primeiro passo é reconhecer esses fatos; a missa está armada com caixões abertos, esperando esses “corpos”. Os corpos não são só os nossos, mas são toda essa podridão, originadas na humanidade e fortalecidas na vida em sociedade. Sociedade fútil, hipócrita e (IN)sana. A revolução está dentro de cada um!

Já tinha percebido nos shows de vocês uma forte influência de rap na sonoridade e escutando o EP essa impressão se confirmou, estou viajando ou é por aí mesmo? De que tipo de rap vocês gostam?

Realmente o rap é uma influência em nosso som. Eu escuto muito Racionais Mc´s, Face da Morte, Consciência Humana, Realidade Cruel, essa “leva” do rap mais antiga e que traz uma mensagem muitas vezes cruel porém positiva. Mas também gosto um pouco de Hip-Hop e algumas coisas mais novas como o Síntese.
Lorran: O rap me foi apresentado antes mesmo do rock, então é algo natural. Quando moleque já ouvia RZO, Guind´art 121, Dj Jamaika. E hoje tem uma nova safra bonita de se ver, por exemplo, o Criolo, Pentágono, Marechal.
Leo: Eu gosto muito de Sabotage, Beastie Boys e a goiana DScrew.
João: Em minha playlist atual Beastie Boys e Racionais, mas desde moleque escuto Rap e Hip Hop esporadicamente.
 E o HC? O que gostam de ouvir? Tem influências de que bandas?

Eu gosto muito de hardcore melódico, mas escuto de tudo. Minhas maiores influências para as composições do Missa são Hatebreed, Madball, Born From Pain e chegam até o Soulfly e Sepultura que, pra mim, tem muito do hardcore.
Lorran: Ouço algumas bandas hardcore, geralmente latino-americanas. Mas parece que criou-se uma febre, toda semana aparecem duas, três e geralmente elas duram pouco. Então bandas tradicionais como o Biohazard, Hatebreed, Ratos de Porão, acabam ganhando mais minha atenção na busca por elementos musicais.
Leo: Atualmente tenho escutado bastante “Trapped under Ice”, “Turnstile”, “Chacina”, e me sinto bastante influenciado por “Deftones”,” Downset”, “Hatebreed” e “Biohazard”.
João: Hatebreed, Lamb of God, escuto também Thrash Metal.

Escutando o EP percebi uma certa preocupação `social` nas letras, na melhor tradição Punk/HC! Quem na banda as escreve? O que procuram expressar através delas?

Essa foi a preocupação do Missa desde o começo, trazer realmente uma mensagem, quem escreve é o Lorran e nunca contestamos o que ele trás por que realmente agrada a todos. Ele pode explicar melhor as ideias.
Lorran: Realmente há uma preocupação, porém ela é mais voltada ao indivíduo. No Missa a gente acredita que a sociedade pode formar indivíduos bons ou ruins dependendo de como ele cresce e se adapta, então não focamos tanto na sociedade por ser uma luta praticamente infindável, mas sim nesse processo de crescimento e adaptação do próprio ser. Resumindo: na nossa visão a sociedade é apenas um carro, e dentro dele há milhares de seres em que hora ou outra topa a mão no volante e conduz o veículo para diferentes lugares. O carro é o de menos, percebe?


O EP está muito bom, gostei bastante da gravação, aliás, acho seu timbre de guitarra massa, ele sempre me chama a atenção nos shows! Como foi o corre dessa gravação? Em que estúdio ela foi feita?

Valeu demais Natal. As gravações aconteceram em abril e começo de maio. Fizemos tudo com nossa grana e nosso corre mesmo e isso é complicado por que todos têm suas contas e despesas fixas do mês e tirar a grana para investir em outra área é complicado. Gravamos no Estúdio Olemix, quem cuidou da produção, mixagem e masterização foi o Francisco Arnozan. O cara é fera, nos ajudou muito e se preocupou bastante também com o jeito que ficariam as músicas e o melhor era ver que ele estava curtindo o som e não somente gravando, sabe. Isso foi muito importante.

O EP será só virtual mesmo ou há algum plano de um lançamento `físico`?

Nós temos o objetivo de ainda esse ano lançar. Estamos esperando o apoio de selos ou gravadoras que possam nos trazer crescimento e oportunidades. Se isso não surgir, mais uma vez iremos fazer do nosso bolso. Lançar virtualmente ajuda muito na divulgação, a internet é uma ferramenta que ajuda na divulgação até fora do país, mas ter um CD, encarte, capa, é diferente. Inclusive toda a parte de arte já está pronta é só mandar pra gráfica e botar na rua.

Como está sendo a repercussão do EP até agora?

Está sendo muito positiva, galera chega e diz que realmente está curtindo. Estamos muito contentes com isso. Já surgiram algumas oportunidades para shows dentro e fora de Goiânia e estamos conversando. Conforme for surgindo vamos divulgando.
 E os shows? Estão tocando bastante? Já tocaram fora de GYN?

Nós últimos meses ficamos parados por conta das gravações e corres do EP. Mas já estamos agilizando os esquemas pra voltar a tocar logo. Sobre tocar fora de GYN, por enquanto ainda não, mas logo teremos novidades.

Uma das partes mais esperadas do show de vocês é a distribuição de `bombinhas` de catuaba! Ainda está rolando isso nas apresentações do MxCxP?

Com certeza!! Já virou tradição. É bom por que deixa todo mundo quente pro show!! Isso meio que surgiu sem querer, no primeiro show do Missa que fizemos, que inclusive foi você que organizou o evento, o João deu essa ideia e achamos interessante. Aí rolou e foi muito engraçado!

O que estão escutando atualmente? O que vocês nos recomendariam dentro e fora do som pesado?

Eu escuto muita coisa, desde o extremo metal até coisas psicodélicas como Ronnie Von, Som Imaginário, Módulo 1000. Mas dentro do som pesado uma banda que venho escutando muito ultimamente e acho que merece se mencionar é o In Other Climes, HC Francês fudido!!
Lorran: Minha atual playlist vai de Napalm Death à Martinho da Vila, é isso.
Leo: Tenho admirado as bandas de HC que estão surgindo, uma delas é “Trapper under Ice” e a nacional “Worst”, muito foda!! Durante toda minha vida, escutei muito Deftones por influência de minha mãe, e até hoje pra mim é a melhor banda de todas. Também gosto bastante de “Chipanzés de gaveta”, “Los Hermanos”, “ Pavilhão Nove”, e a clássica “Legião Urbana”.
João: Atualmente escuto muito rádios de internet como Pandora e Grooveshark assim eu digito um estilo ou banda e escuto várias musicas relacionadas. No meu celular tem bandas como Beastie Boys, Black Sabbath, Daft Punk, Metallica, QOTSA, Racionais, Rage e Hatebreed.

 A banda é nova, mas a maioria de vocês já tem um tempo de underground goiano nas costas. O quê vocês acham que mudou para melhor ou para pior do tempo em que começaram a tocar até os dias atuais?

Eu posso dizer dos últimos três anos, que é o tempo que estou aqui em Goiânia. Nesses três anos eu acho que piorou muito quanto a local pra tocar. Hoje nós não temos mais lugares em que podemos fazer um evento underground e reunir a galera. Os que tínhamos, Capim, Old, Julio´s não estão mais fazendo eventos, o Martin logo logo faz 2 anos que está fechado, então vai ficando difícil. Mas em compensação a quantidade de bandas eu vejo que cresceu e muito, e são bandas boas  que acabam ficando sem espaço para aparecer e mostrar seu trampo.
Lorran: Goiania realmente carece de espaços. Fora isso, não tenho do que choramingar. Aqui tem bandas boas, público fiel, gente que dá o sangue.  Uns anos atrás se via mais "tesão", e se hoje vem esfriando é sinal de que a galera está cansando daquela mesma vibe (bandas, organizadores, etc) de sempre. Aposto forte na onda GHC (bandas, organizadores, etc) que vêm aí pra dar esse empurrãozinho que falta pra foder com tudo de vez, hahaha!
Leo: Anos atrás o acesso aos selos era mais fácil. Parece que o ciclo fechou. Sempre os mesmo eventos e com as mesmas bandas.


Michael, você e paulista, conhece bem a cena Punk/HC de SP/SP e adjacências, há algum modo de comparar nossa cena com a de lá? Pois pelo pouco que eu conheço da realidade do Punk/HC paulista eu vejo uma diferença de anos luz entre o que acontece lá e nossas tentativas de movimentar uma cena aqui!

O grande problema que eu vejo aqui é a falta de espaço e a segregação. Acho que a galera tem que parar de fazer eventos por estilo, começar a misturar e com isso você aumenta o público. Estão todos no mesmo corre, tentando mostrar seu trabalho, ter uma oportunidade. Se o cara tem uma banda de HC e vai tocar com uma banda Metal não tem por que ficar fazendo graça, saca. É rock do mesmo jeito, quando isso acabar acho que vai mudar muita coisa. E Goiânia ainda tem vantagem que praticamente não tem muitos dos maiores problemas que acontecem nos eventos em SP, que é punk sem noção que acha que é punk e careca, ir pra porta de show só pra arrumar briga.
 Nenhuma banda que é entrevistada nesse blog escapa dessa pergunta! Está dando para levar a banda de boa? Como está sendo a árdua luta de conciliar os ensaios e shows da banda com as praticamente inevitáveis obrigações da `vida adulta` como trabalho, família, relacionamentos?

KKKKKK Essa é clássica mesmo. Pra mim até que é tranquilo, normalmente nossos ensaios são depois das 22hrs e em uma sexta-feira. Só o Lorran que deve ficar meio cansado por que o restante não trabalha de sábado. E as namoradas que às vezes ficam meio bravas com o horário. KKKKK
Lorran: Ruim seria não ter força, vontade e condições para exercer nossas funções.
Leo: Eu acho que essas dificuldades fazem parte... Reforçam nossas vontades, nossos desejos. O encontro é semanal, mas por mim rolaria todos os dias. Diria que levo a banda a sério e o trabalho como hobbie. Pelo fato de ter paralelamente ao trabalho e a banda uma vida acadêmica muito ativa, considero isso como um pequeno quebra-molas, e até por isso que os ensaios acontecem tão tarde. Mas minha disposição vale pra mil, estou sempre disposto a ensaiar.
João: Trabalho com fotografia, as viagens e trabalhos nos fins de semana às vezes atrapalham a agenda da banda. O pessoal entende as dificuldades e a gente vai se esforçando para render o máximo no tempo escasso.

 Espaço Livre

Primeiramente eu queria agradecer a você Natal, pelo espaço, pela ajuda e pelos corres. Agradecer todo mundo que vem baixando, escutando e ajudando na divulgação do nosso EP. Galera, é de extrema importância isso, escutem as bandas que vocês gostam, compartilhem, vão aos shows!!! Sem o público não existe banda.
Lorran: Valeu Natal pelo espaço! E às pessoas que já curtem o som, espalhem! Vá aos shows, baixem, compartilhem. E quando vierem lhe oferecer outros sentidos de vida (e isso inclui inclusive aquele papelzinho das testemunhas de Jeová), sejam gentis, afinal, todos estamos no mesmo "carro". Um grande abraço!
Leo: Beijos, me liga.

01 - Esse não é o meu lugar
02 - In(Sanidade)
03 - O Sentido
04 - Sangue e Fúria









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