E aí Natal!!!! Comigo, tudo tranquilo. Bom, o MxCxP começou
com a vontade minha e do Lorran de querer formar uma banda que trouxesse em
suas letras uma mensagem e essa mensagem servisse para quem escutasse como uma
reflexão dos momentos bons, ruins e para o crescimento pessoal de cada um. No
primeiro ensaio, ainda como um projeto, estavam somente eu e o Lorran, nesse
ensaio eu levei “Jump” (que não foi gravada para o EP) e o Lorran levou “Esse
não é o Meu Lugar” (faixa que abre o EP). Nesse mesmo dia ligamos pro Leonardo
e convidamos ele pra banda e pedimos que arrumasse um baixista e ele indicou o
João que de cara foi aceito. Essa é a formação inicial e a formação atual. E
assim espero que continue por que nós quatro nos entendemos musicalmente e isso
é bom pras composições da banda.
Sei que alguns de
vocês tocavam em outras bandas, estas bandas ainda existem?
Eu toquei anteriormente no SxDxC e no Pula Pirata, infelizmente as duas não
existem mais.
Lorran: SxDxC,
Pula Pirata e O54 e nenhuma delas existe mais.
Leo: Pétala
Mecânica, Q.R.U. Dobrado e atualmente Gigantes da Manufatura.
João: Novos
Distantes, Pétala Mecânica, Revolta dos Monges, Q.R.U Dobrado, e atualmente
PréMolares.
Desde que você me
falou o nome da banda, mais ou menos um ano atrás, ele me agradou bastante,
deveras agressivo! Como chegaram a ele e o que querem transmitir com o epíteto
(falei bonito agora!) Missa de Corpo Presente?
Quem deu a ideia foi o Leonardo. Ele estava vendo uma
reportagem na TV falando sobre a morte de um Bispo no Rio de Janeiro, “e hoje
será a Missa de Corpo Presente”, ele achou muito bom o nome e o levou para um
ensaio com a ideia de que o nome transmite o fim (Morte) das negatividades e
imposições que nossas mentes nos trazem com relação às dificuldades que temos
que enfrentar no dia a dia. Significa que estamos de “corpo e alma” para
enfrentar a vida, nossos medos, nossas frustrações e limitações. Lutaremos
contra os pré-conceitos de todos os gêneros e a música é a nossa maior
alternativa. Contamos com a possibilidade de não só através de um nome forte,
mas de nossas mensagens, chamar atenção para os problemas que poderiam ser
evitados se não fosse pelo egoísmo de nossos seres, de nossas ações e
julgamentos levianos. O primeiro passo é reconhecer esses fatos; a missa está
armada com caixões abertos, esperando esses “corpos”. Os corpos não são só os
nossos, mas são toda essa podridão, originadas na humanidade e fortalecidas na
vida em
sociedade. Sociedade fútil, hipócrita e (IN)sana. A revolução
está dentro de cada um!
Já tinha percebido
nos shows de vocês uma forte influência de rap na sonoridade e escutando o EP
essa impressão se confirmou, estou viajando ou é por aí mesmo? De que tipo de
rap vocês gostam?
Realmente o rap é uma influência em nosso som. Eu escuto
muito Racionais Mc´s, Face da Morte, Consciência Humana, Realidade Cruel, essa
“leva” do rap mais antiga e que traz uma mensagem muitas vezes cruel porém
positiva. Mas também gosto um pouco de Hip-Hop e algumas coisas mais novas como
o Síntese.
Lorran: O rap me
foi apresentado antes mesmo do rock, então é algo natural. Quando moleque já
ouvia RZO, Guind´art 121, Dj Jamaika. E hoje tem uma nova safra bonita de se
ver, por exemplo, o Criolo, Pentágono, Marechal.
Leo: Eu gosto
muito de Sabotage, Beastie Boys e a goiana DScrew.
João: Em minha
playlist atual Beastie Boys e Racionais, mas desde moleque escuto Rap e Hip Hop
esporadicamente.
E o HC? O que gostam
de ouvir? Tem influências de que bandas?
Eu gosto muito de hardcore melódico, mas escuto de tudo.
Minhas maiores influências para as composições do Missa são Hatebreed, Madball,
Born From Pain e chegam até o Soulfly e Sepultura que, pra mim, tem muito do
hardcore.
Lorran: Ouço algumas bandas hardcore, geralmente
latino-americanas. Mas parece que criou-se uma febre, toda semana aparecem
duas, três e geralmente elas duram pouco. Então bandas tradicionais como o
Biohazard, Hatebreed, Ratos de Porão, acabam ganhando mais minha atenção na
busca por elementos musicais.
Leo: Atualmente
tenho escutado bastante “Trapped under Ice”, “Turnstile”, “Chacina”, e me sinto
bastante influenciado por “Deftones”,” Downset”, “Hatebreed” e “Biohazard”.
João: Hatebreed,
Lamb of God, escuto também Thrash Metal.
Escutando o EP
percebi uma certa preocupação `social` nas letras, na melhor tradição Punk/HC!
Quem na banda as escreve? O que procuram expressar através delas?
Essa foi a preocupação do Missa desde o começo, trazer
realmente uma mensagem, quem escreve é o Lorran e nunca contestamos o que ele
trás por que realmente agrada a todos. Ele pode explicar melhor as ideias.
Lorran: Realmente
há uma preocupação, porém ela é mais voltada ao indivíduo. No Missa a gente
acredita que a sociedade pode formar indivíduos bons ou ruins dependendo de
como ele cresce e se adapta, então não focamos tanto na sociedade por ser uma
luta praticamente infindável, mas sim nesse processo de crescimento e adaptação
do próprio ser. Resumindo: na nossa visão a sociedade é apenas um carro, e
dentro dele há milhares de seres em que hora ou outra topa a mão no volante e
conduz o veículo para diferentes lugares. O carro é o de menos, percebe?
O EP está muito bom,
gostei bastante da gravação, aliás, acho seu timbre de guitarra massa, ele
sempre me chama a atenção nos shows! Como foi o corre dessa gravação? Em que
estúdio ela foi feita?
Valeu demais Natal. As gravações aconteceram em abril e
começo de maio. Fizemos tudo com nossa grana e nosso corre mesmo e isso é
complicado por que todos têm suas contas e despesas fixas do mês e tirar a
grana para investir em outra área é complicado. Gravamos no Estúdio Olemix,
quem cuidou da produção, mixagem e masterização foi o Francisco Arnozan. O cara
é fera, nos ajudou muito e se preocupou bastante também com o jeito que
ficariam as músicas e o melhor era ver que ele estava curtindo o som e não
somente gravando, sabe. Isso foi muito importante.
O EP será só virtual
mesmo ou há algum plano de um lançamento `físico`?
Nós temos o objetivo de ainda esse ano lançar. Estamos
esperando o apoio de selos ou gravadoras que possam nos trazer crescimento e
oportunidades. Se isso não surgir, mais uma vez iremos fazer do nosso bolso.
Lançar virtualmente ajuda muito na divulgação, a internet é uma ferramenta que
ajuda na divulgação até fora do país, mas ter um CD, encarte, capa, é
diferente. Inclusive toda a parte de arte já está pronta é só mandar pra
gráfica e botar na rua.
Como está sendo a
repercussão do EP até agora?
Está sendo muito positiva, galera chega e diz que realmente
está curtindo. Estamos muito contentes com isso. Já surgiram algumas
oportunidades para shows dentro e fora de Goiânia e estamos conversando.
Conforme for surgindo vamos divulgando.
E os shows? Estão
tocando bastante? Já tocaram fora de GYN?
Nós últimos meses ficamos parados por conta das gravações e
corres do EP. Mas já estamos agilizando os esquemas pra voltar a tocar logo.
Sobre tocar fora de GYN, por enquanto ainda não, mas logo teremos novidades.
Uma das partes mais
esperadas do show de vocês é a distribuição de `bombinhas` de catuaba! Ainda
está rolando isso nas apresentações do MxCxP?
Com certeza!! Já virou tradição. É bom por que deixa todo
mundo quente pro show!! Isso meio que surgiu sem querer, no primeiro show do
Missa que fizemos, que inclusive foi você que organizou o evento, o João deu
essa ideia e achamos interessante. Aí rolou e foi muito engraçado!
O que estão escutando
atualmente? O que vocês nos recomendariam dentro e fora do som pesado?
Eu escuto muita coisa, desde o extremo metal até coisas
psicodélicas como Ronnie Von, Som Imaginário, Módulo 1000. Mas dentro do som
pesado uma banda que venho escutando muito ultimamente e acho que merece se
mencionar é o In Other Climes, HC Francês fudido!!
Lorran: Minha
atual playlist vai de Napalm Death à Martinho da Vila, é isso.
Leo: Tenho
admirado as bandas de HC que estão surgindo, uma delas é “Trapper under Ice” e
a nacional “Worst”, muito foda!! Durante toda minha vida, escutei muito
Deftones por influência de minha mãe, e até hoje pra mim é a melhor banda de
todas. Também gosto bastante de “Chipanzés de gaveta”, “Los Hermanos”, “
Pavilhão Nove”, e a clássica “Legião Urbana”.
João: Atualmente
escuto muito rádios de internet como Pandora e Grooveshark assim eu digito um
estilo ou banda e escuto várias musicas relacionadas. No meu celular tem bandas
como Beastie Boys, Black Sabbath, Daft Punk, Metallica, QOTSA, Racionais, Rage
e Hatebreed.
Eu posso dizer dos últimos três anos, que é o tempo que
estou aqui em Goiânia.
Nesses três anos eu acho que piorou muito quanto a local pra
tocar. Hoje nós não temos mais lugares em que podemos fazer um evento
underground e reunir a galera. Os que tínhamos, Capim, Old, Julio´s não estão
mais fazendo eventos, o Martin logo logo faz 2 anos que está fechado, então vai
ficando difícil. Mas em compensação a quantidade de bandas eu vejo que cresceu
e muito, e são bandas boas que acabam
ficando sem espaço para aparecer e mostrar seu trampo.
Lorran: Goiania
realmente carece de espaços. Fora isso, não tenho do que choramingar. Aqui tem
bandas boas, público fiel, gente que dá o sangue. Uns anos atrás se via mais "tesão",
e se hoje vem esfriando é sinal de que a galera está cansando daquela mesma
vibe (bandas, organizadores, etc) de sempre. Aposto forte na onda GHC (bandas,
organizadores, etc) que vêm aí pra dar esse empurrãozinho que falta pra foder
com tudo de vez, hahaha!
Leo: Anos atrás o
acesso aos selos era mais fácil. Parece que o ciclo fechou. Sempre os mesmo
eventos e com as mesmas bandas.
Michael, você e
paulista, conhece bem a cena Punk/HC de SP/SP e adjacências, há algum modo de
comparar nossa cena com a de lá? Pois pelo pouco que eu conheço da realidade do
Punk/HC paulista eu vejo uma diferença de anos luz entre o que acontece lá e
nossas tentativas de movimentar uma cena aqui!
O grande problema que eu vejo aqui é a falta de espaço e a
segregação. Acho que a galera tem que parar de fazer eventos por estilo,
começar a misturar e com isso você aumenta o público. Estão todos no mesmo
corre, tentando mostrar seu trabalho, ter uma oportunidade. Se o cara tem uma
banda de HC e vai tocar com uma banda Metal não tem por que ficar fazendo
graça, saca. É rock do mesmo jeito, quando isso acabar acho que vai mudar muita
coisa. E Goiânia ainda tem vantagem que praticamente não tem muitos dos maiores
problemas que acontecem nos eventos em SP, que é punk sem noção que acha que é
punk e careca, ir pra porta de show só pra arrumar briga.
Nenhuma banda que é
entrevistada nesse blog escapa dessa pergunta! Está dando para levar a banda de
boa? Como está sendo a árdua luta de conciliar os ensaios e shows da banda com
as praticamente inevitáveis obrigações da `vida adulta` como trabalho, família,
relacionamentos?
KKKKKK Essa é clássica mesmo. Pra mim até que é tranquilo,
normalmente nossos ensaios são depois das 22hrs e em uma sexta-feira. Só o
Lorran que deve ficar meio cansado por que o restante não trabalha de sábado. E
as namoradas que às vezes ficam meio bravas com o horário. KKKKK
Lorran: Ruim
seria não ter força, vontade e condições para exercer nossas funções.
Leo: Eu acho que
essas dificuldades fazem parte... Reforçam nossas vontades, nossos desejos. O
encontro é semanal, mas por mim rolaria todos os dias. Diria que levo a banda a
sério e o trabalho como hobbie. Pelo fato de ter paralelamente ao trabalho e a
banda uma vida acadêmica muito ativa, considero isso como um pequeno
quebra-molas, e até por isso que os ensaios acontecem tão tarde. Mas minha
disposição vale pra mil, estou sempre disposto a ensaiar.
João: Trabalho
com fotografia, as viagens e trabalhos nos fins de semana às vezes atrapalham a
agenda da banda. O pessoal entende as dificuldades e a gente vai se esforçando
para render o máximo no tempo escasso.
Espaço Livre
Primeiramente eu queria agradecer a você Natal, pelo espaço,
pela ajuda e pelos corres. Agradecer todo mundo que vem baixando, escutando e
ajudando na divulgação do nosso EP. Galera, é de extrema importância isso,
escutem as bandas que vocês gostam, compartilhem, vão aos shows!!! Sem o
público não existe banda.
Lorran: Valeu
Natal pelo espaço! E às pessoas que já curtem o som, espalhem! Vá aos shows,
baixem, compartilhem. E quando vierem lhe oferecer outros sentidos de vida (e
isso inclui inclusive aquele papelzinho das testemunhas de Jeová), sejam
gentis, afinal, todos estamos no mesmo "carro". Um grande abraço!
Leo: Beijos, me
liga.
01 - Esse não é o meu lugar
02 - In(Sanidade)
03 - O Sentido
04 - Sangue e Fúria