domingo, 28 de outubro de 2012

Berro – Entrevista e Download da Demo `Mais Bunito Do Que Nunca` (2012)

 Grande Bartião! Desde a primeira vez em que ouvi falar de sua nova banda o nome de vocês chamou bastante minha atenção, Berro! Simples, direto, e dá uma boa idéia do que se esperar do som! Como chegaram a essa palavra e o que querem expressar com ela?

O nome BERRO foi decidido uma semana depois do primeiro ensaio, nossa idéia sempre foi um nome diretão rolaram algumas idéias antes, mas nada que resumisse o som que a principio seria bem mais noise/grind, até pela precariedade dos equipamentos fazer ruído era mais fácil e foi assim pra soar um grito, um berro.

Quando o Berro foi formado?

O nome foi escolhido no dia 30 de junho de 2011. Então essa é nossa data oficial.

Quase todas as bandas demoram um  pouco até `firmar` uma formação, foi assim com vocês? Quem já passou pela banda? Qual é a formação atual?

A princípio eramos eu(grito), Claudio Augusto(bateria) e Pedrão Menezes(baixo), cerca de 2 meses depois o Paulo Costa que é um chegado das antigas colou em Caldas pra passar um tempo e resolvemos ver como ia soar o som com uma guitarra, como ele pegou o som e tava na mesma vibe que nós, acabou ficando e fizemos com ele o primeiro show em Goiânia(convite seu, Natal), depois ele voltou pro Guarujá e voltamos a ser um trio, em acordo que só entraria alguém que ficássemos à vontade e a pessoa também, como foi com o Paulo, daí fizemos shows muito loucos aqui em Caldas, como trio. Esse ano apareceu o Mutante, vulgo Diego Viana, quando marcamos outro show em Gyn, ele ensaiou algumas vezes com a gente mas pelos estudos não deu pra colar nos ensaios antes do rolê então nosso mais carioca baiano argentino e amigo Daniel Melo chegou pra ficar com o baixo e deu liga. Agora vamos ter uma novidade, o BERRO vai ter dois vocais, minha esposa, companheira e parceira Anne Alves vai fazer parte dessa tentativa de deixar ainda mais caótico o som. E hoje somos Thiago Bärtïãö e Anne Alves(gritos), Claudio Augusto(bateria), Pedrão Menezes(guitarra) e Daniel Melo(baixo).

Musicalmente vejo vocês como uma banda HC com generosas pitadas de grind e noise, é por aí mesmo?

É exatamente isso, se precisarmos usar um rótulo, esse é Hardcore, mas a antimúsica de forma geral pulsa forte com a gente.

E quanto às letras, o que procuram passar, sobre o quê gostam de escrever?

Como disse, BERRO é pra ser um grito, o esporro de quem tem que se calar pra um monte de merda todo dia, a velha fórmula que propulsiona o desconforto diário: o patrão, polícia, política, violência e qualquer coisa que nos dê vontade gritar. Desde a forma como o sistema trata seus problemas sociais, como a música Assepsia, que fala da limpeza social feita pelo sistema empurrando seus desarranjados pra debaixo do tapete até sobre parasitas que não ajudam em nada pras coisas acontecerem e ainda se vitimizam que é o caso de Pau no Cu. E vômito sonoro, muito vômito sonoro.  Não somos panfletários, somos libertários acima de tudo, ou estamos buscando isso.

Quais são as bandas que influenciam o som do Berro? O que vocês gostam de escutar?

Nós somos bem diferentes musicalmente, mas temos coisas em comum, tipo um Napalm Death, Mukeka Di Rato , Ratos de Porão, Sepultura, Cólera são a escolinha básica e outras que não vou lembrar, de metal ao punk rock a gente come com farinha .
Da minha parte gosto de coisa rápida que levo pro nosso som, bem rápidas e vicerais como Test, Deaf Kids, Cannibal Corpse, Slayer, Are You God, Dor de Ouvido, Ressonância Mórfica, WC Masculino, Subcut, Corre Que Jesus Voltou, Jesus Cröst, Defy e a anti música nossa de cada dia que ouvimos sempre.
 
Como foi o corre para gravar a demo `Mais Bunito Do Que Nunca`? Adorei esse título!

HAHAHA, num teve bem um corre, já fizemos outra demo que se chama "Só Para Baixinhos Sem Futuro" e nosso esquema é assim: Ensaiamos no quarto do Pedrão e então quando temos sons novos gravamos com câmera digital mesmo, e passamos uns filtros básicos pra ficar mais audível(ou não), e assim cria-se em sistema DIY, hehe.

Como foi a repercussão da demo até agora?

Nós não ficamos pilhando com os lance jogados na infernet, são gravações péssimas, lançamos mais pra galera ter uma idéia do que seja nosso som. Ninguém xingou minha mãe até agora, então acho que tá sendo boa a repercussão.

A demo será apenas virtual ou vocês planejam lançá-la também em formato físico?

O plano é termos uma demo decente em breve, CD-R mesmo, mas com uma gravação com o mínimo de dignidade, aguardem.
 Se aqui em Goiânia é difícil mexer com Punk/HC tenho certeza que em Caldas Novas as dificuldades são muito maiores! Há uma cena aí? Há outras bandas? Qual é a realidade de vocês em termos de estúdios para ensaios, locais para shows, aparelhagem, points, público?

Não há cena ainda, a cabeça da galera aqui tá mudando agora, as pessoas tinha uma mentalidade muito fechada em cover, os sons de sempre, pouco produtivo, passei anos em Goiânia e quando cheguei aqui de volta as pessoas praticamente ouviam e faziam as mesmas músicas. Hoje apesar de ainda ser pouco fico feliz de ver surgindo banda autoral como Grunhido de Porco ( http://youtube.com/watch?v=IKvGoeucOGQ  ), e uma galera que tem projetos começando a se desenvolver, acredito ser o primeiro passo, aqui é uma molecada tendo contato com o underground. Estúdio nem sei o que é por aqui, tem pouquíssimos e voltados pra gravações de duplas sertanejas e gravação de jingles, imagina a felicidade. Não temos abertura alguma pra fazer shows, nossa banda já foi boicotada de um rolê "rock" de um bar aqui por ser "pesada demais para os clientes", imagina a cabeça dessas pessoas. O público vai sendo proporcional ao desenvolvimento das bandas, o local que temos pra fazer os rolês são casas de chegados, e praças, que sempre rola com aquela tensão de que horas a polícia vai embaçar, fizemos dois eventos em uma praça que no primeiro foram cerca de 30 pessoas e o segundo circularam umas 100 pessoas, pra mim isso é lucro. São sementinhas do mal sendo plantadas, e mais vão ser jogadas.

O que vocês acharam dos shows que fizeram aqui em Goiânia? Vou aproveitar o ensejo e já convidá-los para tocar em um show do Maltrapilhos que irá rolar no Old em 09/12! De repente fazemos o lançamento da demo nesse dia!

Nosso primeiro rolê em Goiânia foi um convite seu né, Natal! Achei muito foda mesmo, me diverti pra caralho, chapei, e as pessoas que viram nosso som curtiram, isso resume ter sido bom. E esse segundo rolê que fizemos recente foi mais louco ainda, apesar de não ter ganho nem uma catuaba, eu tenho viajado mais no som que a gente faz agora do que o que estávamos fazendo ano passado, e o som é um lance que faço bem pra mim mesmo, quem já viu a gente tocando sabe que eu viajo mesmo quanto estamos fazendo um som . Sempre convido uma pá de gente daí que eu queria de verdade que colasse no rolê e sacasse o som que estamos fazendo, mas galera não adere muito não, quem sabe se conseguirmos lançar um demo no rolê, haha.  Valeu!


2012 já está na reta final, e ao que tudo indica o mundo não irá acabar! Vocês ainda tem alguma meta para esse ano? Quais são os planos e projetos futuros do Berro?

Plano mesmo só gravar uma demo firmeza. E tocar muito.

Sempre gosto de perguntar às bandas que entrevisto para o blog sobre as dificuldades em se conciliar as inevitáveis obrigações da vida adulta como trampo, relacionamentos, família, com os ensaios, shows, etc....
E você foi pai recentemente! Como está sendo lidar com essa nova realidade? Está dando para levar de boa?

O tempo fica bem dividido, só ensaiamos no final de semana, geralmente domingo, então eu tenho a semana pro trampo e família. Meu filho não havia perdido nenhum show do BERRO até esse último em Goiânia, acabo sentindo falta dele no rolê haha, foram nove meses no rolê com a gente e agora tá com 9 meses mas não rola de viajar com ele, pisada! Minha parceirona Anne Alves tá comigo sempre. Ser pai é que é ser extremo mermão.

Espaço livre

O melhor espaço é mesmo o livre. Valeu aí Natal por interessar em saber do nosso rolê, nossa correria e a galera toda aí que leu.
Estamos em um lugar difícil pra caralho de produzir e manter-se no underground, e a luta é contra esse sistema falido que não representa ninguém além dos seus próprios vermes, e antes de apontar o dedo pra quem quer que seja com suas expressões e julgamentos pré-preparados, lembre-se que estamos no mesmo barco que está afundando. É nóis queiróis!!!





Um comentário:

urubu100lei disse...

uma bosta ;não baixem!