terça-feira, 16 de abril de 2013

A morte de Carmine Infantino

 O desenhista Carmine Infantino, um dos nomes mais importantes da Era de Prata dos quadrinhos, faleceu no último dia 4 de abril, aos 87 anos.
Nascido no Brooklyn, em Nova York, Estados Unidos, no dia 24 de maio de 1925, Infantino foi o criador de personagens como Barry Allen, o Flash (uma parceria com o escritor John Broome); grande parte da galeria de vilões do velocista escarlate (Capitão Frio, Mestre dos Espelhos, Gorila Grodd e Capitão Bumerangue); Barbara Gordon, a Batgirl (com Gardner Fox); o Desafiador (com Arnold Drake); Christopher Chance, o Alvo Humano (junto com Len Wein); e Canário Negro (com Robert Kanigher). Além disso, redefiniu o visual do Batman em 1964 e foi o editor que revolucionou a DC Comics na década de 1960.
Infantino fez o ginásio na School of Industrial Art. Nessa época, começou a trabalhar nos estúdios de Harry "A" Chesler, com o salário de um dólar por dia, durante o verão.
 Seu primeiro trabalho profissional foi realizado em parceria com o amigo Frank Giacoia. Infantino fez a arte-final sobre o desenho de Giacoia em uma história de Jack Frost, publicada pela Timely Comics em USA Comics # 3, em janeiro de 1942.
Ironicamente, ao longo dos anos os dois amigos inverteram suas especialidades. Infantino tornou-se um grande desenhista e Giacoia um renomado arte-finalista.
O editor Joe Simon ofereceu aos dois garotos um trabalho interno na editora. Giacoia aceitou, mas Infantino foi impedido por seu pai, Pasquale "Patrick" Infantino, que apesar das dificuldades financeiras fez questão que o filho terminasse os estudos.
Infantino trabalhou para diversas editoras, entre 1940 e 1950. Desenhou Airboy e Heap para a Hillman Periodicals; trabalhou para Jack Binder, que tinha um estúdio que oferecia histórias prontas para a editora Fawcett Comics; e ilustrou títulos da Holyoke Publishing.
Sua primeira história para a DC Comics foi publicada em Flash Comics # 86, em agosto de 1947. Era uma HQ de seis páginas, estrelada por Johnny Thunder, com enredo de Robert Kanigher, na qual surgiu a heroína Canário Negro.
No final da década de 1940, ele desenhou HQs para as revistas All-Flash, Justice Society of America e Green Lantern.
O artista voltaria a trabalhar para Joe Simon, na Prize Comics - empresa de Simon e Jack Kirby -, na década de 1950, desenhando histórias de Charlie Chan.
 Nesse período, os super-heróis estavam em declínio e Infantino desenhou histórias de faroeste, suspense e ficção científica. Em 1956, Julius Schwartz, na época o editor-chefe da DC, pediu que Kanigher e Infantino criassem uma nova versão do Flash, numa tentativa de motivar as vendas dos super-heróis. O resultado foi o surgimento de Barry Allen, em Showcase # 4, de outubro de 1956.
Essa HQ marca o início da chamada Era de Prata e o início do retorno dos super-heróis. Em setembro de 1961, ele desenharia outro marco - também com o Flash -, em O Flash de Dois Mundos, publicado em Flash # 123. Essa aventura introduz a Terra-2 e o conceito do Multiverso DC.
Em 1964, John Broome e Infantino - a pedido do editor Schwartz - modificam a revista do Batman, eliminando os aspectos mais bobos e infantis e criando um visual moderno para o cavaleiro das Trevas.
No início de 1967, Irwin Donenfeld, filho de um dos fundadores da DC, Harry Donenfeld - na época vice-presidente executivo da editora -, pediu que Infantino criasse capas para toda a linha de quadrinhos da empresa. Sabendo disso, Stan Lee tentou "surrupiar" o artista para a Marvel Comics, oferecendo-lhe 22 mil dólares.
Infantino acabou ficando na DC (na verdade, National Periodical Publications), com alguma relutância, pois embora Jack Liebowitz, o publisher daquele período, não pudesse cobrir a oferta, ele ofereceu o cargo de diretor de arte. No mesmo ano, a National Periodical Publications foi comprada pelo grupo Kinney National Company, que posteriormente comprou a Warner Bros.- Seven Arts e mudou o nome para Warner Communications.
Com o novo proprietário veio uma nova promoção e Infantino tornou-se diretor editorial, no lugar de Donenfeld. Começa, então, uma fase revolucionária para a editora. Infantino contratou novos talentos, como Dick Giordano (que estava na Charlton Comics), Neal Adams e Denny O'Neil; transformou Joe Orlando, Joe Kubert e Mike Sekowsky em editores; e passou a renovar os principais heróis, incluindo Mulher-Maravilha, Batman (mais uma vez), Lanterna Verde, Arqueiro Verde e Superman.
 Num curto período de tempo, a DC sofreu mudanças enormes, tanto do ponto de vista dos funcionários e artistas que trabalhavam para a empresa, como em sua linha de títulos e seus novos personagens. Também surgiram, nessa época, Bat Lash, Anthro, Monstro do Pântano, Vingador Fantasma, Warlord, Prez e o Rastejador. Tarzan ganhou uma nova revista e o Capitão Marvel (Shazam) foi ressuscitado.
Em 1971, Infantino foi promovido novamente, tornando-se publisher da DC. Um de seus grandes feitos foi a contratação de Jack Kirby. Ele começou em Superman's Pal Jimmy Olsen e criou a Saga do Quarto Mundo, que se multiplicou pelos títulos New Gods, Mister Miracle e The Forever People e introduziu Darkseid e Apokolips.
Sob o comando editorial de Infantino, Kirby também teve liberdade para criar OMAC, Kamandi, O Demônio e uma nova versão de Sandman, desenvolvida com seu antigo parceiro, Joe Simon.
Mas as vendas sofriam e Infantino foi obrigado a aumentar o preço das revistas de 15 para 25 centavos de dólar. Para amenizar o impacto, os títulos ganharam mais páginas. A Marvel Comics, seguiu a competição e subiu o preço de capa de suas revistas, mas para 20 centavos.
Foi nesse período que surgiu o crossover entre editoras, na revista Superman vs. the Amazing Spider-Man, de 1976, que trazia o encontro inédito entre o Homem de Aço e o Aracnídeo.
Apesar de todas as mudanças, a DC Comics ainda estava sofrendo com baixas vendas e com a forte competição com a Marvel, que, por volta de 1974, tornar-se-ia a líder do mercado. Carmine Infantino foi demitido da editora, em janeiro de 1976.
Ele ficou alguns anos no limbo, procurando, sem sucesso, uma posição executiva ou editorial em alguma publicadora. Acabou voltando para o desenho, trabalhando para a Warren Comics e depois para a Marvel.
 Sua carreira na "Casa das Ideias" também teve bons momentos, nos títulos Star Wars (um dos campeões de vendas do período), Spider Woman e Nova.
Em 1981, voltou a colaborar com a DC Comics, mas à distância, como freelancer, em Dial H for Hero, The Flash e Red Tornado.
Na década de 1990, assumiu as tiras do Batman, nos jornais, até o seu cancelamento. Ele deu aula de desenho na School of Visual Arts, em Nova York. O artista sofria com problemas na coluna e se aposentou nesse período. Apesar disso, era presença constante em diversas convenções de quadrinhos.
Em 2004, ele processou a DC, sem sucesso, pelos direitos de diversos personagens criados por ele, como Iris West, Wally West, Ralph Dinby, Sue Dinby, Abra Kadabra, Capitão Frio, Capitão Bumerangue, Mestre dos Espelhos, Gorila Grodd, Solovar e a Cidade Gorila, Professor Zoom e o Trapaceiro.

Ele foi premiado diversas vezes, começando em 1958, quando recebeu o prêmio da National Cartoonists Society de melhor revista em quadrinhos. Ganhou o Alley Award, um dos primeiros prêmios criados por fãs nos Estados Unidos, 12 vezes, entre 1961 e 1969; e foi homenageado pela DC no cinquentenário da editora.
No blog The Source, Diane Nelson, Dan DiDio e Jim Lee, todos da DC Comics, manifestaram-se oficialmente com mensagens de pesar. O mesmo fizeram outros artistas, como George Pérez, Mark Waid, Francesco Francavilla, Tom Brevoort, Mark Evanier e Brian Michael Bendis.


Fonte: Universo HQ http://www.universohq.com.br


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